terça-feira, 10 de março de 2009

MEDITA... MEDINA!



Ao ter visto, por mais de uma vez, o professor Medina Carreira ser entrevistado por Mário Crespo, na SIC, fico com a impressão que conto, naquela personagem, com um leitor dos meus blogues. É que, salvaguardadas algumas divergências em relação ao que tenho vindo a evidenciar nos meus escritos neste espaço, grande parte do descontentamento que o antigo ministro de um Governo já passado não esconde coincide com os meus pontos de vista. E, realço, a dificuldade em ser encontrada uma solução para os múltiplos problemas que enfrentamos em Portugal através dos meios que têm sido utilizados pelos diferentes executivos que têm tido a seu cargo a gestão nacional, essa acção demonstra à saciedade que há que usar outros métodos bem distintos para tentar sair dos efeitos da tão falada crise que nos caiu também em cima. Tal como temos actuado só nos levará, cada vez mais, a virmos a enfrentar, mais cedo do que muitos julgam, uma situação intransponível, como poderá ser, por exemplo, a já anunciada de as reformas, dentro de algum tempo, não chegarem para alimentar uma família portuguesa normal.
Também eu já afirmei que tem-nos valido estarmos inseridos na Europa para que a situação político-social ainda se mantenha num “tem-te não caias”, porque as dificuldades de vida cada vez mais ferozes, os assaltos e os roubos em crescendo assustador, o desemprego que não pára, a mendicidade que nos coloca num lugar cimeiro das estatísticas europeias, tudo isso constitui um aperitivo para que, num dia inesperado, surjam as reivindicações mais violentas e, a partir daí, o passo seguinte possa ser o de um inconformismo violento. Oxalá este presságio esteja bem longe das perspectivas adiantadas. Mas é bom que estejamos todos prevenidos.
Aproximam-se vários actos eleitorais, a começar pelo dos deputados da Europa – agora mais aliciante ainda, pois os ordenados dos deputados passaram para o dobro e são qualquer coisa de aliciante e de convidativo -, e será através das escolhas que forem efectuadas que poderá existir, ou não, ainda alguma esperança quanto ao futuro mais próximo e mais distante da situação portuguesa.
Mas, não tenhamos ilusões. Não há milagres que alterem o panorama que já se vive e aquele que se vislumbra, por mais optimistas que pretendamos ser. E nada se modificará para melhor se os homens que fazem parte dos partidos políticos, de todos mas sobretudo daquele que conseguirem obter os lugares de comando, não se mentalizarem de que o mais importante da sua actividade não são os cadeirões conquistados e as mordomias que obtêm, mas sim a defesa do melhor para Portugal, mesmo que isso represente algum malefício partidário. E precisamente do seu agrupamento.
Será que os políticos portugueses resolvem modificar a péssima opinião que sobre si recai por parte do público votante e, a partir do resultado das próximas eleições, sentindo bem na pele a situação crítica que se vive, e resolvem mudar drasticamente de forma de comportamento e passam a dar mostras de competência, de força de trabalho, de complacência para com as opiniões dos outros, numa palavra, de modéstia e de convencimento de que não se sabe tudo?
É possível, mas de uma coisa podem estar certos: de que, cada vez menos, vão existindo oportunidades de haver escolhas democráticas. Tudo estará, pois, nas suas mãos.

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