quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

ZÈ POVINHO



Não vou dar novidade nenhuma. Hoje é véspera de Natal, Há muitos anos que sinto esta mesma sensação: a de me virem à memória acontecimentos tristes, por maia recuados que tenham ocorrido. Não consigo rebuscar alegrias que suplantem as que persistem em atormentar-me.
Mas também, na fase que estamos a atravessar, não consigo vislumbrar motivos que me levem a sustentar uma felicidade a que um ser humano deve ter direito. Sobretudo se a consciência não lhe pesa por ter sido autor de malfeitorias de grande monta, porque uma ou outra falha no comportamento todos nós temos e tivemos ao longo da nossa existência. Quem não reconhece esta verdade, ou é um santo à espera de ser venerado ou é portador de uma inconsciência arrasadora que, à força, o torna uma pessoa feliz.
De facto, a época de crise que se instalou e a que o mundo já se está a aclimatar, no que se refere a Portugal, que é o que está à nossa porta e por isso toca na pele da maioria da população, deixando de fora todos aqueles que, tendo tirado partido das benesses que conseguiram obter, na política, na banca e nas reformas vultuosas que a sua esperteza conseguiu alcançar, não fazendo referência a esses, todos os demais carregam uma preocupação no que a cada um diz respeito e, sem dúvida, quanto ao País que se deixa aos mais novos, que nem a vantagem de ter ainda a juventude que lhes dá alguma força, mesmo isso não vai chegar para fazer navegar o barco que se encontra já na fase de meter água por todos os lados.
Que dizer, hoje véspera do Natal, o Zé Povinho, que Bordalo Pinheiro criou e que até deu motivo a ter sido criada uma fábrica de loiças nas Caldas da Rainha – por sinal a cidade onde eu nasci por casualidade – fábrica essa que comercializa em exclusividade a figura do Chiça, aquela que apetece dirigir a quem nos pretende impingir histórias da carochinha, como são as que os políticos espalham por toda a parte, pois essa fábrica, à míngua de clientes vai suspender a sua actuação até data em que as encomendas voltem a aparecer.
Quem havia de dizer que, precisamente em altura de tanta solidariedade anunciada, também esta produtora, que exportava sobretudo para a América, vê os pedidos daquela origem serem reduzidos a zero e não tem outra coisa a fazer, senão colocar a imagem de marca à porta das suas instalações.
O que apetecia era que a população do País inteiro – excluindo aqueles mesmos a que me refiro atrás – colocasse, em plena Praça do Comércio, à frente da Assembleia da República, em Belém e na rua da Imprensa à Estrela, à porta do palácio do Governo, um grande CHIÇA como prenda de Natal.
E o melhor é guardar, bem guardadinho, o mesmo Zé Povinho, para o Executivo que vier a seguir, pois ninguém garante que, sendo o mesmo ou outro qualquer a qualidade dos governantes surja mais qualificada
.

Sem comentários: