terça-feira, 9 de dezembro de 2008

SANTANA E MARCELO




Já estava a tardar o confronto de Santana Lopes em relação a Marcelo Rebelo de Sousa. Duas pessoas que se têm como sabedoras dos mais variados temas, têm de ser forçosamente antagónicas nas opiniões e não poderão suportar-se para além dos sorrisos públicos que mostram quando se encontram. Mais a mais, pertencendo ambos ao mesmo partido e, ainda por cima, tendo ocupado lugares cimeiros no PSD e um deles, por sinal, chegou a primeiro-Ministro, ainda que de passagem, é óbvio que o aplauso entre eles não poderia ser uma posição que se pudesse classificar de espontânea. A política é assim e se, fora dela, os homens não apreciam muito ter competidores por perto, na área das posições que têm mais mediatismo, como é o caso, uns e outros só desejam que o infortúnio bata à porta do adversário-companheiro. Isto digo eu, com o perdão se não estou a ser muito simpático para os focados.
Não terá começado o diferendo nesse particular da falta de deputados sociais-democratas numa votação que beneficiou o PS, tal tema mereceu de Santana Lopes uma pergunta sobre quantos deputados faltaram no tempo em que Marcelo foi presidente do partido. Para além das críticas que fez ao comentador da RTP, tendo afirmado que ele “não diz coisa com coisa”.
Seja como for, o que importa, mais do que tudo, é sublinhar o facto dos deputados à Assembleia da República – e os nomes não são divulgados, o que é um erro de quem pretenda impor a ordem naquela Casa que tem de ser de honorabilidade – faltarem constantemente às suas obrigações de estarem presentes no Hemiciclo, sobretudo quando assinam o livro e, logo de seguida, saiam pela porta mais próxima, sobretudo se a sessão tem lugar nas sextas-feiras ou em vésperas de um feriado. E não venham cá com desculpas de que eles também têm que fazer nos gabinetes, que essas situações podem muito ser executadas fora das horas das votações!
Se vivêssemos num País em que a vergonha fosse uma das qualidades de todos nós, os de cima, os do meio e os do fim - porque essas posições existem, quer queiramos ou não - , todos sem excepção, é evidente que quem quisesse praticar falhas no seu comportamento antes de dar tal passo pensaria duas vezes. Isto a todos os níveis, mas sobretudo nas áreas dos que têm mais responsabilidade sobre as costas.
Mas Portugal é um “paraíso”. Compensa frequentemente não seguir rigorosamente as regras. Há sempre fugas, desculpas, perdões, silêncios. E se não é assim, esperemos pelo derradeiro dia do folhetim Casa Pia, para ver quem tem castigo ou quem se fica a rir e até pode vir a ser aplaudido na praça pública, como já se viu acontecer em pleno Coliseu do Recreio, com a assistência de pé.

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