sexta-feira, 10 de outubro de 2008

OCUPAÇÕES



Quem viveu a Revolução lembra-se que, nessa altura de compreensível confusão, o Estado actuou, sobretudo no Alentejo, nacionalizando diversas propriedades que, sendo pertença de gente com largas áreas de terra que não cultivava dado que, na sua maioria, se tratava de proprietários que nem residiam na zona, com o objectivo de fazer distribuição desses terrenos agrícolas a trabalhadores que poderiam passar a dar produtividade. E como, de boas intenções está o Inferno cheio, a verdade é que, também em imensos casos, os novos ocupantes de tais terras não deram seguimento ao que se pretendia e, algum tempo mais tarde, chegou-se à conclusão que o propósito não tinha dado aquele resultado que se esperava, encontrando-se as parcelas divididas novamente abandonadas. Isto de ser agricultor não é para todos e não são acções revolucionárias, sobretudo quando não existem medidas devidamente estruturadas para se alcançar bons fins, que conseguem atingir os objectivos desejados, por mais bem intencionados que possam ser.
Mas já antes, em 1973 – logo, não havia a desculpa do movimento revolucionário -, o Estado expropriou cerca de 20 mil hectares de terra nas zonas de Sines e de Santiago do Cacém, com o objectivo de se construir o complexo industrial de Sines, ainda que alguns desses terrenos estejam localizados a muitos quilómetros da praia. Mas o Estado, com a sua força e a fama de ser pessoa de bem e bom pagador (!), actuou como lhe aprouve e os expropriados ficaram a ver as seus terras mudarem de mãos e, ao contrário do que estava indicado fazer, ali não se mexeu uma palha e o próprio Gabinete da Área de Sines, que foram os serviços oficiais que se encarregaram da expropriação, foram extintos há mais de 10 anos. Resultado está tudo abandonado, as casas existentes na zona encontram-se em ruínas e ninguém é capaz de fazer justiça (?) e de encarar o problema. Ninguém!
Os ministérios empurram o caso de uns para outros e já que o Governo que temos e todos os anteriores fecham os olhos e ocupam grande parte do seu tempo a discutir situações que não dão mostras de urgência, pelo menos o Presidente da República (através dos seus assessores) deveria chamar a si a situação e tentar eliminar injustiças, tudo dentro da Lei e da Ordem, está mais do que visto, mas com o propósito de ir arrumando assuntos pendentes, que é aquilo que mais existe neste País.
Um blogue não serve para nada? Talvez não. Quem o escreve sente os problemas que chama à colação e fica sempre com esperanças de que uns tantos seguidores dêem ou não razão aos pontos tocados. Pelo menos aqui chega-me a indicação de que mais de mil leitores “espreitam” estes escritos… Já fico contente.

Sem comentários: