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Li, há dias, um conceito que me pôs a pensar. “Mais vale emprestar os livros, que tê-los em casa a apanhar pó”.
De facto, uma biblioteca é um local que acumula muita da poeira que anda sempre no ar. E, como é difícil enfiar a ponta do aspirador no pouco espaço que fica por cima dos volumes, quando é preciso retirar um dos estão guardados há algum tempo, os dedos ficam impregnados daquele desagradável cotão. Mas, daí a afirmar-se que mais vale emprestá-los, quanto a isso levanto os meus “peros”.
É que a experiência me ensinou que, de cada dois livros que se empresta, um não volta ao dono. E, geralmente, se não se aponta o título da obra que saiu e o nome do facilitado, perde-se a ideia de para quem foi o livro que nunca mais o devolve, ou, como já aconteceu, no regresso acaba por ser recebido outro autor. Quer dizer, o empréstimo deu mal resultado.
Não é que vá afirmar que, para quem tem a paixão dos livros, estes sejam como o complemento da família. Não vou tão longe, mas que, em bastantes casos, é preferível a companhia destes que constatar a chegada de um familiar que, só porque o é, tem de ser escutado, respondido e até, por vezes, servido de algo que se coma ou se beba, lá que isso se passa é sabido por muita gente.
Claro que não me refiro a todos os membros da família, que os há que são preferidos, aqueles por quem nos preocupamos com a sua saúde, que temos prazer em receber na nossa casa, de quem sentimos a falta quando estão muito tempo afastados. Só que existem os outros. Os que nos são impostos. Os que são familiares por acréscimo e não nos dizem nada, pagando-nos na mesma moeda. A esses, eu prefiro os livros. Sem hesitação no que afirmo.
Quando se possui uma biblioteca razoavelmente recheada, com edições já todas lidas e que merecem o carinho da arrumação ao nosso gosto, por autores, por temas, por nacionalidades, como se quiser, é um prazer, volta não volta, retirar uma brochura e voltar a ler uma passagem já conhecida, mas que a ocasião propicia a recordação de um determinado texto.
E os livros novos que se vão conseguindo obter, começam por se acumular na fila para serem apreciados e depois a serem acumulados junto dos outros, os que já lá estão nas prateleiras, esses, por serem os neófitos, se já não cabem ficam empilhados à frente de outros que não lhes cedem lugar.
Não é que me incomode demasiado, mas, mesmo fugindo à questão, sou levado a perguntar-me, de vez em quando, sobre quem será que, depois de eu partir, se ocupará de arrumar no seu sítio e com carinho os livros que forem surgindo. Foram anos de conservação avara que, de um dia para o outro, poderão ficar órfãos. A menos que, dado o valor relativo que tal conjunto venha a ter, quem obtiver tal presente entenda transformá-lo em dinheiro líquido. E alguns volumes, até os autografados por autores de grande mérito, merecerão dos alfarrabistas uma atenção muito particular.
Que horror! Trocar literatura pelo vil metal!...
Já quase estou de acordo com o conceito de que “mais vale emprestar livros do que deixá-los a apanhar pó!...”
Eu acrescentaria: mais vale doar livros a instituições que cuidem bem deles, dos que deixá-los à mercê de quem de quem não os aprecia. É preciso é actuar a tempo, para a morte não nos apanhar e surpresa!
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