Eu sou do tempo em que os jovens casais, quando faziam projectos para a união, o primeiro com que se preocupavam era em encontrar casa para alugar, fazendo contas aos rendimentos para poderem fenfrentar o custo mensal da renda.
Claro que, nessa época, tanto em Lisboa como fora dela, a indicação para encontrar um lar eram os quadrados de papel colados nas janelas e, quando se tratavam de triângulos, sabia-se que as casas para arrendar eram mobiladas. Tudo muito fácil e sem grandes gastos para os comprometidos. Era até muito divertido “ir ver casas”, ao ponto de haver gente idosa que, aos domingos, ou pelos anúncios nos jornais ou pela simples descoberta dos tais quadrados de papel nas janelas, iam passar um bocado e ocupar o tempo.
Para alugar um andar bastava fazer o contrato com o senhorio e entregar o valor de dois meses de renda, um, o do mês em causa e outro, o que se dava como caução, que garantia o último mês do arrendamento.
Conto isto, claro, para que a gente que não é dessa época passe a ficar a saber como era fácil dar o passo do matrimónio – ou o mudar de morada -, não sendo por aí que as coisas se complicavam. O pior era o recheio, mas isso já é outra matéria…
A pouco e pouco, porém, as casas para alugar foram rareando e isso porque, na ânsia de construção e de venda de andares, o que invadiu o mercado foram os andares para venda e, logo se seguida, surgiram os negócios dos bancos, estes a oferecer facilidades de pagamento na compra a prestações mensais. E, feitas as contas, mesmo que os pagamentos completos tardassem 30, 40 e até 50 anos, a verdade é que o dispêndio mensal equivalia ou, por vezes, era ainda mais baixo, do que o valor pedido pelas rendas. E, lentamente, os tais escritos nas janelas foram rareando, ao ponto de desaparecerem de todo. E o compromisso de levar uma vida a pagar a compra da casa, sabendo-se de antemão que a falha dessa obrigação implicava no risco da perca da propriedade e de grande parte do já liquidado (isso na situação de se não encontrar comprador substituto para suportar o prejuízo ou possa até representar um lucro, no caso do valor pedido ser superior ao já liquidado ao banco), o tal pagamento lá se ia suportando enquanto o ordenado estivesse garantido.
Tudo isso até que chegámos à actualidade. E o que é que se enfrenta nos dias de hoje? Primeiro, o continuar a não se verem casas para alugar – muito por culpa da C.M. de Lisboa, como já me referi em blogues anteriores -, e só se verem por Lisboa e por esse País fora prédios em ruína, pois os senhorios, não tirando proveito das suas propriedades, também não fazem obras e, dada a crise que se espalhou rapidamente, os bancos retraem-se e só emprestam menos do que o valor dos andares respectivos e atribuem juros tão elevados que, em muitos casos, criam obrigações de pagamentos mensais que não são suportáveis pelos rendimentos normais da população. Isto, para não falar no desemprego que é uma ameaça que grassa por muitas áreas e que, quando ataca, deixa sem condições os arruinados devedores dos empréstimos.
Esta é uma história que até parece ser contada por um defensor das maldades do Diabo, mas que é verdade… lá isso é !
Claro que, nessa época, tanto em Lisboa como fora dela, a indicação para encontrar um lar eram os quadrados de papel colados nas janelas e, quando se tratavam de triângulos, sabia-se que as casas para arrendar eram mobiladas. Tudo muito fácil e sem grandes gastos para os comprometidos. Era até muito divertido “ir ver casas”, ao ponto de haver gente idosa que, aos domingos, ou pelos anúncios nos jornais ou pela simples descoberta dos tais quadrados de papel nas janelas, iam passar um bocado e ocupar o tempo.
Para alugar um andar bastava fazer o contrato com o senhorio e entregar o valor de dois meses de renda, um, o do mês em causa e outro, o que se dava como caução, que garantia o último mês do arrendamento.
Conto isto, claro, para que a gente que não é dessa época passe a ficar a saber como era fácil dar o passo do matrimónio – ou o mudar de morada -, não sendo por aí que as coisas se complicavam. O pior era o recheio, mas isso já é outra matéria…
A pouco e pouco, porém, as casas para alugar foram rareando e isso porque, na ânsia de construção e de venda de andares, o que invadiu o mercado foram os andares para venda e, logo se seguida, surgiram os negócios dos bancos, estes a oferecer facilidades de pagamento na compra a prestações mensais. E, feitas as contas, mesmo que os pagamentos completos tardassem 30, 40 e até 50 anos, a verdade é que o dispêndio mensal equivalia ou, por vezes, era ainda mais baixo, do que o valor pedido pelas rendas. E, lentamente, os tais escritos nas janelas foram rareando, ao ponto de desaparecerem de todo. E o compromisso de levar uma vida a pagar a compra da casa, sabendo-se de antemão que a falha dessa obrigação implicava no risco da perca da propriedade e de grande parte do já liquidado (isso na situação de se não encontrar comprador substituto para suportar o prejuízo ou possa até representar um lucro, no caso do valor pedido ser superior ao já liquidado ao banco), o tal pagamento lá se ia suportando enquanto o ordenado estivesse garantido.
Tudo isso até que chegámos à actualidade. E o que é que se enfrenta nos dias de hoje? Primeiro, o continuar a não se verem casas para alugar – muito por culpa da C.M. de Lisboa, como já me referi em blogues anteriores -, e só se verem por Lisboa e por esse País fora prédios em ruína, pois os senhorios, não tirando proveito das suas propriedades, também não fazem obras e, dada a crise que se espalhou rapidamente, os bancos retraem-se e só emprestam menos do que o valor dos andares respectivos e atribuem juros tão elevados que, em muitos casos, criam obrigações de pagamentos mensais que não são suportáveis pelos rendimentos normais da população. Isto, para não falar no desemprego que é uma ameaça que grassa por muitas áreas e que, quando ataca, deixa sem condições os arruinados devedores dos empréstimos.
Esta é uma história que até parece ser contada por um defensor das maldades do Diabo, mas que é verdade… lá isso é !
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