quinta-feira, 7 de agosto de 2008

OS QUE AVISAM E OS QUE NÃO!...


Por cá nós queixamo-nos da situação que vivemos, da crise que não nos larga e que até se vai mostrando cada vez mais severa, não surgindo ninguém das Forças Públicas que tenha a coragem de fazer o retrato exacto daquilo a que se pode chamar o Estado da Nação. Pelo contrário, cada vez que um responsável governamental, sem excluir, evidentemente, o Chefe do Executivo, surge perante os jornalistas, seja na escrita, na rádio e sobretudo na televisão, a preocupação que se nota nas diferentes declarações é a de garantir que vai tudo bem, que caminhamos na boa direcção e, quando muito, se não é possível esconder uma realidade, se está a proceder no sentido de solucionar rapidamente o problema. Portanto, só optimismos.
É de estranhar, na verdade, que não apareça um único governante a dar razão a queixas, a explicar o motivo do desagrado mesmo que seja momentâneo, e a prestar todas as explicações para as múltiplas culpas que se sabe pertencerem a alguém, alguém esse que escapa sempre às críticas directas que merecem por ter actuado em erro.
Vejamos agora a diferença entre a maneira de proceder dos nossos responsáveis e o que sucede aqui ao lado, em Espanha: no diário “El Pais”, numa edição de há dias, logo na primeira página e como manchete, é esta a frase do vice-presidente económico – “A situação económica é pior do que prevíamos todos”.
Ora bem, disfarçar ou até mentir à população qual é a situação que atravessa um País, em lugar de oferecer confiança aos governados o que lhe transmite é a descrença sobre a qualidade e, por via disso, a competência que se deve aferir aos responsáveis do Estado.
O vice-presidente espanhol põe o preto no branco ao afirmar que “o que havia prometido o PSOE na campanha eleitoral era mais uma ambição que uma análise técnica”. E acrescentou sem complexos: “Sempre pensei que havia uma “borbulha” imobiliária, pois construir 800.000 habitações por ano não parecia situação sustentável e alargar as hipotecas a 40 anos não foi sensato”.
Comparemos, pois, o que se passa na vizinha Espanha com aquilo que acontece entre nós, sobretudo na área imobiliária, que atravessa um período de grande preocupação, pois, por um lado, o aumento das prestações aos bancos dos empréstimos recebidos num período de mais facilidade de vida que, por sua vez, também foram exagerados os montantes comprometidos, esse aumento não corresponde agora às disponibilidades financeiras das famílias endividadas e, nesta altura, ao desejarem ver-se livres dos apartamentos adquiridos deparam com a dificuldade em encontrar interessados.
O tema dos andares de aluguer, que devia ser discutido a nível superior, especialmente na Câmara da capital, cidade onde existem tantas casas degradadas a exigirem reparações urgentes para se voltar a ver os saudosos triângulos colados nos vidros das janelas a anunciar que estavam livres para receber inquilinos, esse problema não é levantado por ninguém e mantemo-nos na situação actual de, por um lado, a compra com empréstimos bancários se encontrar sufocada pelos custos sempre a subir dos juros e, por outro, não haver motivações para se voltar ao sistema antigo do aluguer.
Vejam lá o assunto que eu fui hoje buscar para encher o meu blogue! Mas não me digam que não é uma situação que está a levantar problemas a milhares de famílias e que, pelo que se contempla quanto a soluções, não se trata de uma questão que esteja em vias de ter solução.
E já que os responsáveis governativos não abrem o bico, pois que seja alguém que dispõe deste blogue para dar largas à uma preocupação que está aí e que, mesmo que não tenha evitado que as férias fossem gozadas por quem consegue descansar mesmo com a consciência pesada, ainda assim aqui fica uma notinha inocente!

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