quinta-feira, 14 de agosto de 2008

APRENDER ESPANHOL


O turismo sempre foi, há muitos anos, (que vêm desde épocas muito anteriores à Revolução), uma actividade que contribuiu
para o enriquecimento da nossa economia de uma forma importantíssima. Já fiz esta afirmação em texto anterior e considero que é essencial que todos nós, cidadãos portugueses, tenhamos sempre presente esta realidade. Se é um bem para Portugal acolhermos visitantes de outros países – e, na situação de hospedeiros, cumprimos bem, de facto, essa missão -, já que a nossa vocação nunca foi a de irmos vender os nossos produtos ao estrangeiro, então que tiremos o maior proveito possível daquilo que a Natureza nos brindou, que é um razoável clima ameno, uma Natureza e uma paisagem acolhedoras e uma posição geográfica, com o Oceano em nosso redor e as múltiplas praias existentes que se prestam a aprazíveis férias, a todos os visitantes que não contam com estes benefícios nas suas terras.
No caso da Europa, que é potencialmente o grupo que mais perto se encontra e, por isso, potencialmente é o fornecedor preferível de turistas em Portugal, sendo o Reino Unido o país que, tradicionalmente, sempre usou o nosso destino para centro de descanso e, em muitos casos, muitos dos seus súbditos acabam por escolher o Algarve para passar o resto da sua vida, há uns tampos a esta parte são os espanhóis que ocupam o primeiro lugar no número de entradas. Sobretudo por via terrestre, já é muito vulgar hoje – e neste mês de Agosto esse facto nota-se a olhos nus – cruzarmo-nos com um número verdadeiramente espantosos de automóveis com matrícula do País vizinho. E não só na época de férias, mas também sempre que ocorre um feriado e coincide com uma “ponte” que em Espanha também é usual ser aproveitada, logo as zonas turísticas portuguesas se enchem de carros pertencentes aos nossos vizinhos peninsulares. Vem isto a propósito da língua. É sabido que, ao contrário da nossa habilidade natural para nos entendermos com estrangeiros, ou porque temos bom ouvido para outros idiomas e a prática de ouvirmos filmes nas línguas originais nos familiariza com esses falares, ou porque temos uma natural boa vontade em ajudar os outros que não sejam portugueses, seja pelo que for a verdade é que os estrangeiros não se sentem impedidos de satisfazer os seus desejos mesmo usando só a sua própria língua.
Mas, no que diz respeito ao espanhol, já o caso mudas de figura. Será porque os portugueses se convencem que se trata de um idioma que também dominam e, por isso, inventaram uma fala que muitos chamam “portunhol” e que consiste num acréscimo de uns iis no meio das palavras, coisa que acaba por se transformar em ridículo.
É verdade que, ao contrário do que sucedia anos atrás, hoje muita juventude está a optar por universidades espanholas para completar os seus estudos, não só por uma questão de custos, mas também porque, por exemplo em medicina, as exigências de médias mínimas não se verifica no outro lado da fronteira. E, com a habilidade nata que temos de dominar outros idiomas, logo essa juventude penetra no espanhol com rapidez.
Mas, voltando ao caso do turismo, o que é urgente resolver é, sobretudo, na área da hotelaria. Provavelmente seria útil criar cursos de espanhol prático para os alunos que enveredem pelas profissões que tenham contacto com o público, ao mesmo tempo que a nossa promoção turística no exterior deveria ser impulsionada nas zonas que potencialmente melhores condições têm de enviar visitantes ao nosso País.
Continua-se por cá agarrado ao “aljubarrotismo” e ainda existe muita gente que sofre do complexo do Pais mais pequeno ao lado do vizinho maior.
Quantos anos mais vão ser necessários para provar que a união faz a força e que, sobretudo neste fase de crise grave internacional, juntos seremos menos fracos e talvez possamos resistir ao que, segundo os técnicos económicos avisam, teremos de enfrentar um ano de 2009 ainda mais feroz do que o que está a correr?

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