quinta-feira, 10 de julho de 2008

FALAR, FALAR... E SÓ ISSO!




Consegui passar umas horas desta tarde a ver e ouvir os deputados à Assembleia da República, esses por um lado, e o primeiro-Ministro, por outro, a atacarem-se mutuamente e a apresentarem as suas ideias sobre a forma como o País deveria estar a ser gerido, para conseguir ultrapassar a situação degradada em que se encontra, por culpa dos seus próprios erros e, não há que disfarçá-lo, em virtude do ponto a que chegámos no meio do difícil panorama internacional.
E, como acontece sempre nestas circunstâncias, as culpas são sempre atiradas para os outros e o Governo, de facto, é o sector que mais vê os dedos apontados pela sua incompetência, como lhe chamam os adversários, pois que para isso é que, voluntariamente, se propõem uns tantos cidadãos para assumirem a responsabilidade de pegar na vara do Poder. Não se podem queixar por isso. Nem se sentir ofendidos quando os partidos da oposição lhes chamam os mais ofensivos nomes que, com frequência, alcançam apodos considerados ofensivos pelos visados.
Ter visto, pois, José Sócrates escandalizado pela circunstância de, algum que outro interveniente naquele confronto parlamentar, não o ter poupado a destemperos de linguagem. Esses ares de menino virgem ofendido, só podem ser considerados ridículos. Quem anda à chuva molha-se e se José Sócrates não se sujeita a ter de enfrentar os ataques que lhe são dirigidos na Assembleia da República, então só tem um caminho a tomar: á não se recandidatar nas próximas eleições. Não, que eu não fique também chocado com excessos de linguagem que, por vezes, saem da boca de um ou outro deputado, mas o que importa, acima de tudo, é que se encontrem soluções para tentar encontrar saídas para os graves problemas por que passam os portugueses desde há um tempo a esta parte e que, pelos vistos, não se vê forma de fugir deles. Mas, entre o ar de ofendido e a busca de se rectificarem atitudes, incompetências, erros dignos de castigo, opto, sem dúvida, pelo confronto. E quem tem vergonha que mude de profissão!
E depois desta introdução, tenhamos todos o bom senso de reconhecer que, a haver culpados do que se passa, deste vale de lágrimas em que vivemos, destas cada vez maiores dificuldades que estamos a sofrer, havemos de reconhecer que, ao fim e ao cabo, somos todos nós, cidadãos portugueses, que não podemos fugir às nossas próprias responsabilidades.
Quanto aos trabalhadores – para atribuir a clarificação que os sindicalistas costumam utilizar -, será que a produtividade dos portugueses é da melhores que se praticam na maioria dos países, falando apenas da área da Comunidade Europeia? E no que se refere ao sector do empresariado, estamos conscientes que a nossa actuação nesse sector é exemplar, que temos consciência de que podemos competir com parceiros, também europeus, e, para não ir mais longe, até com os nossos vizinhos espanhóis? Mas não podemos pôr de parte o sector administrativo do Estado, a actuação das múltiplas e complicativas repartições oficiais, sendo mais do que conhecidas as dificuldades com que qualquer cidadão, português, mas também estrangeiro se debate quando cai nas malhas do “complex”, e reconhecer honestamente que também nessa questão não nos podemos considerar exemplares. Longe disso. Muito longe
E passarmos nós horas a ouvir e a ver aquelas figuras emproadas a debitar considerações que, de um lado e do outro, os do Governo e os das Oposições, só servem para fazer acusações, sem que, de qualquer dos lados, saiam soluções, programas, resultados, boas medidas, sensatas e exequíveis, termos nós, cidadãos portugueses, que suportar tantas inutilidades e o desfilar de vaidades, porque o que eles querem é ser famosos e mostrarem-se às populações, sermos obrigados a este exercício negro que ocupou horas na televisão e, no final, continuarmos confrontados com a pobreza que, de dia para dias, avança a olhos vistos, suportarmos este sacrifício é excessivo. É pedir demais mesmo a um povo que, através da sua longa História, está mais do que habituado a ser o “pagador de promessas”.
Não vou agora mais longe, muito embora tenha na minha frente uma série de recortes de jornais que mostram os erros a que o Governo já poderia ter deitado a mão, apontando soluções rápidas, e as oposições poderiam igualmente referir, não deixando de apontar as suas propostas de emendas.
Mas nada disso sucedeu. Falou-se. Falou-se, Fizeram-se acusações. Mas ficamos todo na mesma. Na mesma, não! É que já passaram duas horas desde que começou o confronto Parlamentar e, ao longo desse tempo, certamente que já se verificaram subidas nos preços de alguns produtos…

Sem comentários: