Como é possível que, num País situado no extremo ocidental da Europa, identificado como atravessando um período demasiado longo de dificuldades várias, sociais, económicas, financeiras e de desenvolvimento, e com uma população que mostra bem a sua falta de esperança quanto a melhoras num futuro próximo, tendo como vizinho, que lhe antecede no caminho para quem vem do território europeu, uma nação em crescente progresso, perante tudo isto como se pode compreender que imigrantes vindos de Leste, romenos sobretudo, se instalem entre nós e se dediquem à profissão da pedincha?
Deve haver uma explicação lógica, mas não a encontrei ainda. Tratando-se de uma imigração, a maioria de raça cigana, que chega por terra e que se faz transportar em caravanas, com toda a família em conjunto, significa isso que, antes de se plantarem no nosso território, passaram por países onde o nível de vida é muito superior ao nosso, o que poderá querer dizer que, por onde transitaram, era mais fácil obter a esmola que constitui o objectivo da sua actividade. Porquê, então, não se fixaram em qualquer dos locais que encontraram pelo caminho e vieram até Portugal, no extremo do Continente europeu, local onde à sua frente já só existe o oceano e, portanto, não há possibilidade de experimentar o país que se segue?
Será porque, apesar de apertados com as dificuldades, os portugueses são mais esmoleres do que os espanhóis, os franceses, os alemães e do que todas as nacionalidades onde antes experimentaram estender a mão à caridade?
No local onde me encontro a escrever este desabafo, assisti há pouco à chegada de um homem, dos seus trinta e poucos anos, que se sentou encostado à parede, junto à porta de um estabelecimento que tem razoável movimento de entradas e saída de clientela, cruzou as pernas debaixo do rabo e, puxando de um cartaz com uma lenga-lenga que não dava para distinguir o texto escrito no papel amarrotado e sujo, começou a chocalhar num púcaro algumas moedas, ao mesmo tempo que, sempre que passava um transeunte, resmungava uma ladainha que não era compreensível..
Passado algum tempo e dado que o “negócio” não parecia estar a ser muito interessante, o indivíduo arrumou os seus pertences e abalou do local anteriormente escolhido.
Quando, chegada a minha hora de sair do café, me coube a vez de também arrumar a minha trouxa, ao passar mais adiante por um supermercado dei com o mesmo fulano, desta vez acocorado ao lado de uma outra pedinte, esta aparentemente de idade, com um “embrulho” ao colo que dava a impressão de ser um bebé, todo enroladinho num xaile, mas sem dar o menor sinal de vida.
É este o espectáculo a que nos é dado assistir nas ruas de Lisboa e talvez por esse País fora. Se a moda pega, qualquer dia também veremos pedintes portugueses, com cartazes a contar histórias e a sacudir o púcaro com moedas no fundo. Ao ponto a que se chegou neste cantinho, que já tem a idade suficiente para se ter atingido uma situação bem diferente da que o País atravessa, não há razão para se ser muito optimista. No entanto, como somos todos portugueses e não deixámos pelo caminho a réstia de esperança que ainda nos acompanha, vamos repetindo: enquanto há vida…
Deve haver uma explicação lógica, mas não a encontrei ainda. Tratando-se de uma imigração, a maioria de raça cigana, que chega por terra e que se faz transportar em caravanas, com toda a família em conjunto, significa isso que, antes de se plantarem no nosso território, passaram por países onde o nível de vida é muito superior ao nosso, o que poderá querer dizer que, por onde transitaram, era mais fácil obter a esmola que constitui o objectivo da sua actividade. Porquê, então, não se fixaram em qualquer dos locais que encontraram pelo caminho e vieram até Portugal, no extremo do Continente europeu, local onde à sua frente já só existe o oceano e, portanto, não há possibilidade de experimentar o país que se segue?
Será porque, apesar de apertados com as dificuldades, os portugueses são mais esmoleres do que os espanhóis, os franceses, os alemães e do que todas as nacionalidades onde antes experimentaram estender a mão à caridade?
No local onde me encontro a escrever este desabafo, assisti há pouco à chegada de um homem, dos seus trinta e poucos anos, que se sentou encostado à parede, junto à porta de um estabelecimento que tem razoável movimento de entradas e saída de clientela, cruzou as pernas debaixo do rabo e, puxando de um cartaz com uma lenga-lenga que não dava para distinguir o texto escrito no papel amarrotado e sujo, começou a chocalhar num púcaro algumas moedas, ao mesmo tempo que, sempre que passava um transeunte, resmungava uma ladainha que não era compreensível..
Passado algum tempo e dado que o “negócio” não parecia estar a ser muito interessante, o indivíduo arrumou os seus pertences e abalou do local anteriormente escolhido.
Quando, chegada a minha hora de sair do café, me coube a vez de também arrumar a minha trouxa, ao passar mais adiante por um supermercado dei com o mesmo fulano, desta vez acocorado ao lado de uma outra pedinte, esta aparentemente de idade, com um “embrulho” ao colo que dava a impressão de ser um bebé, todo enroladinho num xaile, mas sem dar o menor sinal de vida.
É este o espectáculo a que nos é dado assistir nas ruas de Lisboa e talvez por esse País fora. Se a moda pega, qualquer dia também veremos pedintes portugueses, com cartazes a contar histórias e a sacudir o púcaro com moedas no fundo. Ao ponto a que se chegou neste cantinho, que já tem a idade suficiente para se ter atingido uma situação bem diferente da que o País atravessa, não há razão para se ser muito optimista. No entanto, como somos todos portugueses e não deixámos pelo caminho a réstia de esperança que ainda nos acompanha, vamos repetindo: enquanto há vida…
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