Aqui
onde estou e onde me vejo
e também ali
terei o último desejo
que será
o de não deixar mau nome
o que ficará
e que tome
lugar na memória de alguns
uns tantos
mesmo que sejam comuns
e que não escondam prantos.
É aqui, neste lugar
que algumas contas faço
do que ainda me lembrar
e que resista ao cansaço
erros recordarei
certas dúvidas que mantenho
as coisas que por aí amei
e outras que ainda desdenho
Cheguei
sem pretensão
de pensar que não errei
e que sempre dei a mão
a quem dela precisou
pois alguma vez disse não
a quem ao pé de de mim chegou
seriam menos embora
do que às que disse que sim
o que bem pouco melhora
a maldade mesmo assim
Estou agora
frustrado
vou embora
nada será mudado
fixo o meu pensamento
naqueles que me estão perto
e não escondo o lamento
por já não ter conserto
e em nada alterar
a má opinião de quem
deveria bem mostrar
muito melhor que ninguém
o valor que terei tido
desigual da maioria
por isso tendo fugido
à regra da enxovia
Aqui e agora
onde escrevo esta lamúria
a esta hora
não é altura de ter fúria
isso é que não
resta-me a penitência
última consolação
de quem vive já na ausência
mas também já pouco importa
com o físico a fraquejar
não baterei a tal porta
a pedir para mim olhar
quem nunca o fez de verdade
que foi o invés de mim
agora com esta idade
só resta aguardar o fim
Afinal
será neste lugar aqui
mesmo o melhor local
para mostrar quanto sofri ?
tantas dores tantos anos
desamores
e desenganos
procurando esconder
aos olhos dos que de fora
não teriam de saber
o que na nossa casa mora
Será aqui, será
no café com muita gente
que alguém por aqui estará
a escrever o que sente
e para quê
com que intuito
se afinal ninguém vê
trata-se de um acto fortuito
que não obtêm resultado
pois o que de mim contará
mesmo sem poder ser provado
não me importará
por ser a gente abstrusa
que já hoje não me adora
e sempre se mostrou confusa
com o que larga boca fora
Pois é aqui
que faço a minha penitência
daquilo que sempre vi
sem paciência
que foi coisa que nunca tive
e muita falta me fez
pois todo aquele que vive
tem de ter a sensatez
de fingir
de tapar bem os ouvidos
de mentir
de imitar outros maridos
que são frios como penedos
que falam sem dizer nada
que não mostram os seus medos
e fingem achar piada
a tudo que passa em casa
só para dar bom ambiente
e fazem tábua rasa
do desconforto que sente
Aqui neste café
sou obrigado a pensar
e a fazer finca-pé
na forma de me comportar
vejo a hora
e é tempo de voltar
lá vou pela rua fora
há que ir almoçar
Menos um dia me falta
para deixar cá toda a malta
aqui , noutra hora
onde estou e onde me vejo
e também ali
terei o último desejo
que será
o de não deixar mau nome
o que ficará
e que tome
lugar na memória de alguns
uns tantos
mesmo que sejam comuns
e que não escondam prantos.
É aqui, neste lugar
que algumas contas faço
do que ainda me lembrar
e que resista ao cansaço
erros recordarei
certas dúvidas que mantenho
as coisas que por aí amei
e outras que ainda desdenho
Cheguei
sem pretensão
de pensar que não errei
e que sempre dei a mão
a quem dela precisou
pois alguma vez disse não
a quem ao pé de de mim chegou
seriam menos embora
do que às que disse que sim
o que bem pouco melhora
a maldade mesmo assim
Estou agora
frustrado
vou embora
nada será mudado
fixo o meu pensamento
naqueles que me estão perto
e não escondo o lamento
por já não ter conserto
e em nada alterar
a má opinião de quem
deveria bem mostrar
muito melhor que ninguém
o valor que terei tido
desigual da maioria
por isso tendo fugido
à regra da enxovia
Aqui e agora
onde escrevo esta lamúria
a esta hora
não é altura de ter fúria
isso é que não
resta-me a penitência
última consolação
de quem vive já na ausência
mas também já pouco importa
com o físico a fraquejar
não baterei a tal porta
a pedir para mim olhar
quem nunca o fez de verdade
que foi o invés de mim
agora com esta idade
só resta aguardar o fim
Afinal
será neste lugar aqui
mesmo o melhor local
para mostrar quanto sofri ?
tantas dores tantos anos
desamores
e desenganos
procurando esconder
aos olhos dos que de fora
não teriam de saber
o que na nossa casa mora
Será aqui, será
no café com muita gente
que alguém por aqui estará
a escrever o que sente
e para quê
com que intuito
se afinal ninguém vê
trata-se de um acto fortuito
que não obtêm resultado
pois o que de mim contará
mesmo sem poder ser provado
não me importará
por ser a gente abstrusa
que já hoje não me adora
e sempre se mostrou confusa
com o que larga boca fora
Pois é aqui
que faço a minha penitência
daquilo que sempre vi
sem paciência
que foi coisa que nunca tive
e muita falta me fez
pois todo aquele que vive
tem de ter a sensatez
de fingir
de tapar bem os ouvidos
de mentir
de imitar outros maridos
que são frios como penedos
que falam sem dizer nada
que não mostram os seus medos
e fingem achar piada
a tudo que passa em casa
só para dar bom ambiente
e fazem tábua rasa
do desconforto que sente
Aqui neste café
sou obrigado a pensar
e a fazer finca-pé
na forma de me comportar
vejo a hora
e é tempo de voltar
lá vou pela rua fora
há que ir almoçar
Menos um dia me falta
para deixar cá toda a malta
aqui , noutra hora
mas não agora!
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