Como jornalista profissional que fui ao longo de muitos anos, nessas condições sempre aderi à Casa da Imprensa, organização criada ainda nos tempos da Velha Senhora e que ajudava, especialmente no sector da saúde, os trabalhadores que tinham escolhido o sector da comunicação – primeiro os jornais e, mais tarde, os outros órgãos ligados à mesma actividade -, sendo que, na realidade, o apoio que recebiam os necessitados de médicos, medicinas, internamentos, análises e de todas as investigações do sector da saúde, era-lhes dado sem pagamento ou com participações praticamente simbólicas.
Durante anos assim correram as coisas e muitos jornalistas (cujas remunerações nunca foram das mais fartas deste País) beneficiaram das vantagens que usufruíam os próprios e as suas famílias, ainda que esta com reduções de facilidades, o que lhes aliviava bastante o pesado fardo que constitui a actividade intelectual que têm de exercer permanentemente.
Anos atrás, uma pequena percentagem da publicidade que era inserta nos diários era destinada obrigatoriamente para a Casa da Imprensa, valor esse que interferia saudavelmente nas finanças daquela organização. Mas tudo que é bom, neste País, acaba-se. E um abastado proprietário de uma vasta gama de publicações e também com posição maioritária na televisão e na rádio, ao passar pelo sector governamental não teve outra ideia que não fosse eliminar de raiz esse montante proveniente da publicidade. E a Casa da Imprensa viu-se diminuída a uma gestão que não lhe permitia assumir os compromissos sociais que, durante muito tempo, estavam a seu cargo.
A partir daí tudo começou a ser mais difícil. Foram-se acabando sucessivamente as facilidades de que usufruíam os jornalistas. E, de diminuição em diminuição, chegou-se ao ponto de hoje: os profissionais da Imprensa se encontrarem em igualdade de circunstâncias de todos os demais cidadãos, isto é, dependentes das Caixas de Previdência e entregues aos longos períodos de espera de assistência que os portugueses tão bem conhecem sempre que sentem que a saúde lhes falta.
E escrevo isto num blogue, porquê? Porque, ao contrário do que seria de esperar, sobretudo quando se assiste às múltiplas manifestações públicas pelos mais diferentes motivos que têm a ver com reduções de benefícios a trabalhadores dos mais variados sectores, no que diz respeito aos jornalistas e existindo um Sindicato e uma Casa da Imprensa, o silêncio tem sido mantido. Ninguém se queixa. Não se levanta uma voz. E até nas assembleias-gerais que se realizam de tempos a tempos para serem discutidos os problemas que afectam a classe, a participação de interessados limita-se a uma dúzia de presentes que ali deixam de viva voz o seu descontentamento. E nada mais acontece!
Não há dúvida. Em casa de ferreiro espeto de pau. Se é verdade que, nunca como agora, a comunicação social esteve tanto nas mãos de empresários que lidam com o seu negócio da mesma forma que poderiam gerir um banco ou uma companhia rica que tem os olhos postos, única e exclusivamente, no rendimento que a actividade lhes proporciona (para não referir o outro benefício tão importante que é o dominarem a opinião pública e poderem interferir no sector da política), apesar disso, sempre seria de esperar que os que sofrem as consequências do mau tratamento que lhes é dado por uma organização que sempre primou pela defesa e protecção dos trabalhadores na zona da Imprensa, levantassem a sua voz e dessem a conhecer publicamente o desprezo a que estão entregues na situação actual da governação portuguesa.
Este é um desabafo. Só isso. No que me cabe, só me resta pagar as cotizações que são obrigatórias, quanto mais não seja para poder assistir às assembleias-gerais que lá se vão realizando, pelo menos para os profissionais mais antigos, confirmarem que ainda se encontram vivos e para se abraçarem plenos de saudades dos velhos tempos em que, mesmo com a PIDE, a Censura e as dificuldades em conseguir que alguma que outra notícia passasse as malhas dos lápis vermelhos, assim mesmo sempre usufruíam das vantagens que a Casa da Imprensa lhes dispensava, nos momentos maus em que a saúde pregava alguma partida.
Resta recordar. Esperança no futuro é coisa que este País já deixou escapar há mais tempo do que seria aceitável suportar-se. Mudam os governantes, surgem outras promessas. Diz-se mal do que esteve antes. E nós, jornalistas, tanto faz os antigos como os acabdos de chegar à classe, permanecemos contemplativos. Lá vamos, de vez em quando, à rua da Horta Seca. Mas para quê?
Durante anos assim correram as coisas e muitos jornalistas (cujas remunerações nunca foram das mais fartas deste País) beneficiaram das vantagens que usufruíam os próprios e as suas famílias, ainda que esta com reduções de facilidades, o que lhes aliviava bastante o pesado fardo que constitui a actividade intelectual que têm de exercer permanentemente.
Anos atrás, uma pequena percentagem da publicidade que era inserta nos diários era destinada obrigatoriamente para a Casa da Imprensa, valor esse que interferia saudavelmente nas finanças daquela organização. Mas tudo que é bom, neste País, acaba-se. E um abastado proprietário de uma vasta gama de publicações e também com posição maioritária na televisão e na rádio, ao passar pelo sector governamental não teve outra ideia que não fosse eliminar de raiz esse montante proveniente da publicidade. E a Casa da Imprensa viu-se diminuída a uma gestão que não lhe permitia assumir os compromissos sociais que, durante muito tempo, estavam a seu cargo.
A partir daí tudo começou a ser mais difícil. Foram-se acabando sucessivamente as facilidades de que usufruíam os jornalistas. E, de diminuição em diminuição, chegou-se ao ponto de hoje: os profissionais da Imprensa se encontrarem em igualdade de circunstâncias de todos os demais cidadãos, isto é, dependentes das Caixas de Previdência e entregues aos longos períodos de espera de assistência que os portugueses tão bem conhecem sempre que sentem que a saúde lhes falta.
E escrevo isto num blogue, porquê? Porque, ao contrário do que seria de esperar, sobretudo quando se assiste às múltiplas manifestações públicas pelos mais diferentes motivos que têm a ver com reduções de benefícios a trabalhadores dos mais variados sectores, no que diz respeito aos jornalistas e existindo um Sindicato e uma Casa da Imprensa, o silêncio tem sido mantido. Ninguém se queixa. Não se levanta uma voz. E até nas assembleias-gerais que se realizam de tempos a tempos para serem discutidos os problemas que afectam a classe, a participação de interessados limita-se a uma dúzia de presentes que ali deixam de viva voz o seu descontentamento. E nada mais acontece!
Não há dúvida. Em casa de ferreiro espeto de pau. Se é verdade que, nunca como agora, a comunicação social esteve tanto nas mãos de empresários que lidam com o seu negócio da mesma forma que poderiam gerir um banco ou uma companhia rica que tem os olhos postos, única e exclusivamente, no rendimento que a actividade lhes proporciona (para não referir o outro benefício tão importante que é o dominarem a opinião pública e poderem interferir no sector da política), apesar disso, sempre seria de esperar que os que sofrem as consequências do mau tratamento que lhes é dado por uma organização que sempre primou pela defesa e protecção dos trabalhadores na zona da Imprensa, levantassem a sua voz e dessem a conhecer publicamente o desprezo a que estão entregues na situação actual da governação portuguesa.
Este é um desabafo. Só isso. No que me cabe, só me resta pagar as cotizações que são obrigatórias, quanto mais não seja para poder assistir às assembleias-gerais que lá se vão realizando, pelo menos para os profissionais mais antigos, confirmarem que ainda se encontram vivos e para se abraçarem plenos de saudades dos velhos tempos em que, mesmo com a PIDE, a Censura e as dificuldades em conseguir que alguma que outra notícia passasse as malhas dos lápis vermelhos, assim mesmo sempre usufruíam das vantagens que a Casa da Imprensa lhes dispensava, nos momentos maus em que a saúde pregava alguma partida.
Resta recordar. Esperança no futuro é coisa que este País já deixou escapar há mais tempo do que seria aceitável suportar-se. Mudam os governantes, surgem outras promessas. Diz-se mal do que esteve antes. E nós, jornalistas, tanto faz os antigos como os acabdos de chegar à classe, permanecemos contemplativos. Lá vamos, de vez em quando, à rua da Horta Seca. Mas para quê?
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