Este livro, que foi publicado há uns anos atrás, constituiu uma espécie de resposta a um desafio que pus a mim próprio. A figura central que protagoniza a Francisca surgiu por me ter visto confrontado com uma mulher que, sendo muito diferente das fêmeas-empresárias que existem por aí, me deu alento a poder relatar no papel os comportamentos de que tive oportunidade de conhecer e que, de facto, fizeram parte da sua vida activa.
Não posso dizer que não introduzi, por vezes, alguma fantasia que recheou a realidade que chegou ao meu conhecimento, nuns casos, e que presenciei, noutros. E porque se tratou de uma figura que, apesar dos inúmeros defeitos que não podem nem devem ser esquecidos, deu mostras também de um poder de execução que lhe serviu, quase sempre, de bandeira de que se orgulhou cada vez que desejava sobressair como exemplo. E foram muitos esses momentos em que quis pôr-se em bicos de pé e em que se exibia como modelo.
A mulher e as circunstâncias também podem ser aqui referenciadas. Ortega y Gasset tinha razão. Mas, sendo relatada a origem bastante modesta deste ser que chegou a atingir pontos altos no seu trajecto, não é possível colocar de lado a habilidade de que a Francisca deu mostras de, mesmo, por vezes, utilizando meios menos elogiosos, não ter desperdiçado situações que se lhe depararam e que, sobretudo por ter sido uma mulher bonita, lhe serviram para satisfazer os seus desejos de fama e proveito.
É evidente que Francisca nunca foi o seu nome. Mas também, porque o intuito do livro não foi o de denunciar maus actos, não importa identificar a personagem. E, se ainda existe, apesar da idade avançada, pois que termine os seus dias com o consolo que, seguramente sentirá, de, em seu entender, assumir o "dever cumprido".
O livro esgotou rapidamente e ainda se está para saber se o êxito se ficou a dever à venda inesperada da edição ou se se tratou de uma manobra da visada que - bem me riu se assim sucedeu - mandou correr as livrarias a adquirir os exemplares que existissem.
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