terça-feira, 1 de abril de 2008

ESTA LISBOA QUE EU AMO!

CALCORREAR A CIDADE

A notícia surgida recentemente não mereceu comentários. No entanto, dado que se trata de assunto que já foi antes objecto de referência, quer nesta coluna quer em textos muito anteriores, sublinho que não deveria ficar pela tímida sugestão de um ministro mas sim deveria constituir uma tomada de posição do actual Governo, enquanto se mantém no poder, pois constituiria uma medida que o faria recordar pela positiva, e mesmo sendo a única talvez conseguisse deixar boa memória. Apesar de tudo.
Haverá quem se recorde do texto nesta secção intitulado “Bairro dos Ministérios” que defendia a reunião, numa só zona, de todas as repartições ministeriais que, até agora, se encontram dispersas por Lisboa fora, em edifícios próprios ou em espaços alugados.
Também, a libertação do belo Terreiro do Paço de todos os ministérios que lá se encontram e de outros serviços relacionados com o Estado, foi igualmente falada recentemente por alguém com responsabilidade. Sem constituir, aliás, novidade, porque esta matéria já é velha nos meus escritos que sempre clamaram pela substituição por vida cultural e recreativa naquele espaço, a verdade, porém, é que, até hoje neste mandato, nunca se passou de intenções e o que foi começado tem ficado a meio. Os lisboetas sabem do que me refiro.
Igualmente, como anúncio surgiu a notícia de que se pretende mudar os números dos cartões dos beneficiários da Segurança Social, para se poder efectuar o cruzamento de dados com o fisco, porém o que seria realmente útil fazer era seguir o exemplo espanhol. De facto, no País vizinho há bastante tempo que os cidadãos têm só um número para todas as instituições que exigem identificação, como seja o bilhete de identidade, o passaporte, o de segurança social, de pensionista, de carta de condução, de contribuinte e de outros serviços. Imagine-se a facilidade com que o nosso sector oficial se relacionaria com o público, vendo surgir no “écran” dos computadores todo o historial do utente que estaria a atender! E os cidadãos, como se libertariam do imenso número de cartões que têm de carregar na carteira. Poderemos ter esperança que este Governo, com o Santana Lopes que nos calhou na rifa, será capaz de, no tempo que lhe falta, deixar alguma obra que fique na História? Será que, pelo menos Lisboa, virá a sentir os efeitos benéficos de quem foi presidente da Edilidade e, por isso, tem obrigação de conhecer os problemas que atormentam a Capital? Quem faz “conversas em família” plenas de prometimentos, mesmo sem explicar como conseguirá o impossível, não demonstra ter medo de enfrentar as dúvidas dos cidadãos. Há, em Lisboa, problemas cuja solução pertence a quem tem o encargo de liderar o Município, mas um entendimento com o chefe do Governo que é do mesmo partido e foi seu antecessor no cargo, não seria difícil conseguir. Digo eu.
Ter de calcorrear a cidade, de Herodes para Pilatos, para solucionar problemas com o nosso relacionamento com o Estado, é que tem de acabar!

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