quarta-feira, 7 de setembro de 2011

AFINAL QUEM É QUE MANDA?



SEMPRE DEFENDI O PRINCÍPIO de que cabe exclusivamente ao primeiro-ministro a responsabilidade absoluta da condução do Governo de que faça parte, não deixando que os restantes elementos do Executivo assumam posições que excedem as funções da pasta que lhe está entregue, e mesmo essas têm de ser de acordo com os princípios e as directrizes que forem estabelecidas em Conselho de todos os elementos que constituem o caminho que o País deve levar. Esta tese constitui uma norma que dá ao primeiro-ministro os poderes bastantes para orientar os procedimentos que S .Bento tem de tomar.
O aparecimento perante as câmaras de televisão do ministro dos Negócios Estrangeiros, ainda que lhe caibam também, como a um outro seu colega, as funções de ministro de Estado (mas apenas e só na ausência ou impedimento do chefe do Governo intervir), provocou um certo espanto, sobretudo porque as declarações que prestou não tinham nada a ver com o propósito atribuído ao seu ministério, o das relações com os países estrangeiros. Paulo Portas, no seu jeito muito característico de se colocar em bicos de pés, estando para mais no Funchal e encontrando-se a encerrar as jornadas parlamentares do seu partido, deixou sair a seguinte frase: “eu queria pedir, sobretudo aos deputados e, por intermédio deles, aos cidadãos que dêem algum atenção ou leiam com detalhe os documentos de estratégia orçamental… é uma obrigação”.
Ora, havendo um primeiro-ministro que tem a seu cargo também o de transmitir aos portugueses as formas que considera essenciais para poder assistir ao desenvolvimento da actuação do País – mesmo que se equivoque e, nesse caso, devendo aparecer depois a pedir desculpa e a fazer a emenda que lhe compete -, não se pode admitir que seja outro participante, além disso subalterno, a tomar um lugar que não lhe pertence.
É sabido que o CDS, sendo minoritário no Governo, mas sendo essencial para a maioria no Parlamento, pode fazer “a vida negra” a quem chefia o conjunto. E as exigências que fez para a constituição do Executivo provam isso mesmo. Mas, algum bom senso e o cumprimento do papel que cabe a cada um não permite que se verifiquem saliências despropositadas, pois também por aí pode romper-se a união e acabar fora de tempo a existência do Governo que temos e que é essencial para podermos tentar sair das consequências da crise e da má actuação atribuída a Sócrates.
Espera-se que não volte a repetir-se uma saliência idêntica, pois que se está a aproveitar a aparente fraqueza de Passos Coelho, ninguém garante que não venha a um dia em que este dê o murro na mesa e partam os dois partidos, cada um para seu lado.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

E DEPOIS?


Sempre há um depois do que agora passa
Alguma coisa de que se suspeita
Ou de que se tem só ideia escassa
Mas que está bem ao pé de nós à espreita

Esse depois assusta muita gente
Pode ser p’ra melhor ou nem por isso
Quem pode saber é só o que sente
Que esta vida é toda um compromisso

Se o depois é tão grande mistério
E se há também quem tal não entenda
Esteja só ou tenha vida a dois

Será bom ver o amanhã a sério
Estar sempre pronto para a contenda
Para não perguntar sempre: e depois?...

DÍVIDAS IMENSAS





A AFIRMAÇÃO FEITA por Pedro Passos Coelho de que era intenção do Governo que ele chefia ir mais longe do que o que ficou estabelecido no documento assinado com a Troyka, no capítulo da atribuição de impostos e da diminuição de despesas do Estado, essa declaração que só pode ter o propósito de deixar boa imagem nos credores para que nos considerem como bons alunos, bem comportados e cumpridores do que está assumido. Mais nada do que isso.
Se tal espalhafatosa declaração não provocasse um tão clamoroso aperto nas bolsas dos portugueses, ao ponto de, num muito elevado número, existirem famílias onde a fome já passou as suas residências – para as que ainda as têm, pois o abandono de casas e a entrega das mesmas aos bancos credores, por impossibilidade de liquidarem as mensalidades que constituem as suas dívidas pelos empréstimos que obtiveram para adquirirem as mesmas -, se não ocorresse já tal situação de miséria, especialmente provocada pelo desemprego, se não fosse esse o panorama que se vive de Norte a Sul de Portugal então poder-se-ia bater as palmas à decisão do Executivo de se adiantar ao que foi acordado, pagando mais e mais depressa aquilo que se deve.
De facto, o estado de graça que foi concedido ao grupo do PSD e do CDS durante algum tempo, assistindo-se primeiro à sua actuação e só depois surgirem as críticas, se as houvesse, nesta altura já não se justifica mantermos a viola no saco, pois a situação verdadeiramente dramática que já se vive por cá não pode permitir que não levantemos a voz e exijamos da actuação governamental a utilização de toda a competência e bom senso, assim como a rapidez no uso de soluções que não podem estar a aguardar por melhores dias.
Quando se esperava que a prioridade dos governantes que se encontram agora no poder fosse a da diminuição drástica dos gastos de dinheiros do Estado e da remodelação de todo o esquema do Governo, pois é sabido que existem dependências ministeriais que não se justificam e que deveriam já ter sido encerradas, assim como o enorme grupo de institutos e de empresas que, inexplicavelmente, se mantêm a usufruir das benesses constituindo um encargo que não é admissível sustentar.

Temos, portanto, que pôr de parte eventuais precauções e clamar que não nos encontramos satisfeitos com o ritmo das acções que este Executivo está a levar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CHORAR

Em tempo de magras vacas
só apetece é chorar
se são poucas as patacas
quem tem fé é só orar

É o que por cá se passa
já sem rumo este País
em que nem mesmo a chalaça
põe a maioria feliz

Afinal é a saída
já antiga e de agora
acalma qualquer ferida

Porque chorar não tem hora
sempre serve de guarida
e o palhaço também chora

CHORAR NÃO É SOLUÇÃO



BEM SABEM OS LEITORES do meu blogue que, enquanto este político se encontrava no poder, não lhe perdoei os erros que, segundo o meu entender, cometeu e fui grande crítico das posições que tomava, tanto fisica como politicamente. Havia que marcar posição através do meio que a Democracia proporcionava e continua a proporcionar, ou seja a de deixar expresso pela escrita os pontos de vista que se situavam do lado adverso daquilo que foi a sua actuação como primeiro-ministro.
As eleições legislativas que ocorreram forçou a sua saída e a admissão de um novo grupo partidário – por sinal até dois que se juntaram -, o que ocasionou que o chefe do Executivo que se seguiu passasse a ser outro, tendo Pedro Passos Coelho assumido o lugar que antes esteve ocupado por José Sócrates. E este, perante tal derrota, até se demitiu do lugar que exercia no Partido Socialista, passando a ser um cidadão comum que, como veio anunciado, entendeu que iria estudar filosofia, escolhendo uma universidade estrangeira para cumprir o seu desejo.
Ora, a partir desse momento, no que me diz respeito, não deixando de assinalar a culpa que coube a esse português enquanto foi o detentor do cargo importante de chefe de um Governo - e a História assinalará tal período com as boas medidas e os erros que lhe cabem -, entendi que o importante era prestar toda a atenção ao que os novos detentores do poder iriam executar, não pondo o acento tónico no passado, muito embora fosse daí que resultava a situação aflitiva que incomodava os portugueses. Mas, sendo independentes no julgamento, não é possível não atender ao que antes da condução de José Sócrates foi igualmente mal executado e que, desde aí, a caminhada que foi seguida em Portugal se situa Ana classificação de descabida do que era necessário fazer.
Aparecerem agora descobertas de que o que ocupou o posto durante excessivo tempo para o desejo da maioria dos cidadãos nacionais, salientando-se o facto de que a família de Sócrates detinha “offshores” há para aí três décadas, estando estas localizadas nas ilhas Caimão e Mane Gibraltar, não tendo ainda aparecido as verbas que ali estão depositadas.
Na verdade, possuir um chefe de um Executivo de um País que se encontra a lutar contra as maiores dificuldades depósitos monetários em locais escondidos no exterior não se pode considerar como sendo uma posição digna de elogio. Antes pelo contrário. Mas, não se tratando de dinheiro extraído ilegalmente do Estado, o mau gesto só merece indignação e não apontamento de ordem criminal. Se já havia aversão ao político que desempenhou as funções importantes que lhe calharam, ao tomar-se conhecimento deste pormenor maiores razões de queixa têm de existir. Mas como, seguramente, não voltará Sócrates a apresentar-se em eventuais eleições que tiverem efeito, fica posta de parte a eventualidade de voltarem a ser apontadas armas para esse alvo que surgisse. Logo, assunto arrumado.
O que é necessário nesta altura é de dedicarmos toda a nossa atenção em relação aos políticos que se sentaram nas cadeiras do comando, desde o principal e até os outros que têm responsabilidades que não podem nem devem ser escamoteadas, pois que as dificuldades continuam presentes e não se pode admitir nem desculpar que, em vez de usarem de toda a sua competência em retirar Portugal do caos em que se encontra, percam tempo com acusações de atitudes tomadas no passado e que, por mais complicadas tornem as resoluções que têm de ser tomadas, constituem somente História, a qual se situa apenas na área dos que se dedicam a contar o que se passou noutros tempos.
Sendo absolutamente necessário cortar, ente 201 e 2013, 8 mil milhões de euros da despesa pública – que, por sinal, até é o dobro do que a troyka exigiu -, anunciando o Executivo que tem de aumentar, em idêntico período, ainda mais os impostos em mais mil milhões de euros, torna-se evidente que vai ser muito difícil gerir as finanças do Estado e que, agora mais do que nunca, teremos todos nós, cidadãos portugueses, que estar bem atentos aos passos que forem dados, não deixando margem para outros erros que se somariam aos que foram praticados durante o período socratiano.
A mão de ferro não pode ser aliviada, por mais que surjam reclamações e que os detentores de voz nos sectores sindicais, sejam eles de Esquerda ou de extrema Esquerda (e, obviamente, também os que se situam na Direita), todos eles têm de procurar que as greves e as manifestações de rua possam evitar-se, dado que não essas atitudes que podem interferir no caminho de boa governação que Portugal necessita.
Eu, por mim, já não me encontrando numa idade que aspire a assistir ao desenrolar da situação que o nosso País irá enfrentar, pois que calhou a todos os da minha geração sofrer as consequências da Guerra Mundial, o período apertado do salazarismo e depois o que se seguiu à Revolução de Abril, tendo agora sobre as costas a crise que nos coloca de novo num período de sacrifício não nos podemos considerar como sendo os mais felizes do mundo.
Só que chorar não resolve nada!...

domingo, 4 de setembro de 2011

MORTE RODANDO


Eu sinto a morte rodando
às voltas por aí anda
por mim lá vou disfarçando
pois sei que é ela quem manda

Ter medo dela não tenho
só espero eficiência
que use melhor engenho
que tenha por mim clemência

Não me sinto amargurado
por saber que ela chega
aqui lhe deixo um recado
que não brinque à cabra-cega

É surgir e fazer obra
sem dar tempo p’ra piar
quando parte nada sobra
nem vale a pena chorar

Que quem tem medo da morte
o mais que pode resista
p’ra tudo é preciso sorte
e não se ser egoísta

Mas eu não, bem a confronto
que venha quando quiser
para ela eu estou pronto
não me canso de o dizer

Fiz o que tinha a fazer
reconheço erros meus
preparado p’ra morrer
basta-me dizer adeus

NASCER ASSIM E MORRER PIOR!..




FEZ AGORA UM ANO, a 3 de Setembro, que o julgamento dos implicados no caso de pedofilia na Casa Pia deu como resultado a condenação dos arguidos no processo, muitos deles a anos de cadeia, como foi o caso do Carlos Cruz que recebeu a pena de uma prisão prolongada, mas, apresentados que foram os recursos à sentença com 1760 páginas, o Tribunal da Relação de Lisboa não se dignou ainda decidir sobre o veredicto final nem indicou qualquer prazo para que a conclusão do problema surja aos olhos do País.
É certo que, segundo se sabe, foram apresentados cerca de 100 recursos, com aproximadamente 68.000 páginas, ao todo preenchidas ao longo de 69 meses de julgamentos, mas, seja como for, não se pode admitir que o apuramento de resultado de um caso que apaixonou toda a atenção dos seguidores pelos jornais do que se ia passando, se mantenha por concluir e que, segundo consta muito da parte de quem se situa no meio dos casos passados pelos tribunais, vai tudo morrer num dos silêncios profundos que não é a primeira vez que ocorrem no nosso País.
Porque este caso, que foi acompanhado por um grande número de portugueses, sobretudo porque nele figurou um mediático apresentador televisivo que provocou a admiração de quase toda a gente, continua, de vez em quando, a ser chamado às páginas dos jornais, mas a pergunta que se tem de fazer é quantos casos julgados em tribunais, mas que não ocasionaram grande interesse na opinião pública, terão estado também encafuados nos gabinetes dos julgadores e terminaram esquecidos e sem condenação.
Este nosso Portugal nunca foi grande campeão nas situações que saíram dos tribunais, com julgamentos rápidos e com conclusões céleres. E é por isso que, na situação actual, tantos assaltos à mão armada e situações criminosas de variada espécie são o “pão nosso de cada dia”, com informações que os culpados passam pelos juízes que, em grande número de casos, os mandam para casa ou condenam com sentenças muito leves, o que ocasiona que os mesmos repitam frequentemente os crimes antes praticados, o que também leva os serviços policiais a, muitas vezes, não se empenharem com grande afinco, posto que posteriormente dão de caras, nas ruas, com os anteriores fora da lei que se riem na cara dos seus perseguidores anteriores.
Que a crise nos tenha a todos nós, cidadãos cumpridores, obrigado a sofrer as consequências das restrições que nos são impostas nos nossos dias com toda a espécie de impostos e de condições apertadas de podermos viver com o mínimo de condições humanas, isso é assunto que nem vale já a pena referir, pois que se trata de um amargo de boca que os políticos que têm passado pelo poder, que poderiam ter-nos aliviado a tempo do castigo que sofremos, não foram capazes de fazer o papel que lhes era imposto. Mas que, para além disso, a Justiça nacional seja também um mal que não há forma de chegar um Governo que deite mãos a essa praga, isso já tem de se considerar como excessivo e é motivo para que as populações, todas elas, se revoltem e organizem uma manifestação de grande vulto, para tentar que os políticos que têm a seu cargo o pelouro da Justiça se apressem a encontrar o remédio que há muito tempo, há anos necessita de ser curado da enfermidade em que está envolvido.
Co’s diabos, se há situações que podem ser encaradas sem necessidade de grandes dispêndios, essa de dar a volta à área da Justiça que nos maltrata há imenso tempo, não será, seguramente, de deixar para mais tarde, como sejam as auto-estradas, o comboio veloz ou os aeroportos novos.
Mas a realidade é só uma: somos um País que está condenado, desde a sua nascença, a sacrificarmos os naturais desta Terra lusa. Nascemos assim e, pelos vistos, morreremos da mesma maneira… a menos que!

sábado, 3 de setembro de 2011

D. SEBASTIÃO

A do D. Sebastião
poder aparecer um dia
para nos deitar a mão
se não é sonho é mania

Foi ele dar luta aos mouros
onde estavam descansados
em vez de receber louros
bateu com quatro costados

Alcácer Quibir ficou
em Marrocos, ainda está
o jovem rei se finou
há quem o espere por cá

Nessa ânsia desde então
nos mantemos até hoje
alguém que nos dê a mão
sem ser dos que bate e foge

Milagres desses não há
só de quem tem muita fé
seja em Deus ou em Allah
ou mesmo no S. Tomé

Enquanto durar a esperança
cada vez ela mais escassa
se mantém a governança
agarrada qual carraça

A olhar o horizonte
com todo o mar pela frente
atravessamos a ponte
mal encontramos um crente

Pode ser que algum dia
como em Abril ocorreu
surja de novo alegria
num País que renasceu

Sebastião ou quem seja
desde que tenha coragem
para que Portugal veja
que mudou a sua imagem

Lá coisa fácil não é
manter a Democracia
esta Arca de Noé
é bem coisa de magia

Se ditadura não queremos
muito sofremos com ela
não se sabe o que faremos
a esta nossa mazela

Experimentar a Ibéria
como eu tanto recomendo
é partir p’ra coisa séria
não se trata de arremendo

Se nem isso é solução
acaba aí a esperança
à sorte fica então
o que somos por herança

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA



TEM-SE ANDADO A FALAR MUITO da necessidade de se introduzir na nossa Lei Suprema emendas que não permitam a facilitação das actuações governativas, sendo que, nesta altura, a questão da dívida externa que suportamos é considerada como sendo consequência de não existir um controlo que impeça os Governos de terem as mãos livres para endividarem o País, como sucedeu anos depois da Revolução de Abril e que deu ocasião a que atingíssemos um acumular de dependências de finanças estranhas que, como é evidente, quando se fazem dívidas num dado momento essas têm que ser pagas tempos depois.
Se é certo que constitui um perigo para as nações estarem sujeitas a más actuações dos que governam em determinado momento, pelo que são os descendentes que, no futuro, ficam com o encargo de liquidarem o que os antecessores gastaram, e é isso que sucede actualmente em Portugal que, perante a nossa fraqueza financeira, nos encontramos com o encargo de ter de pagar – e não só os actuais habitantes, pois que ainda fica muito para os escalões seguintes - sem sabermos como, apenas recorrendo os que têm de responder pelas finanças estatais ao aumento de impostos de toda a espécie, sendo essa a realidade que leva alguns a considerar que deva existir uma actuação legal que impeça os governantes gastadores do que não é deles de ultrapassarem determinadas escalas.
Sendo a nossa Constituição, em meu entender, excessivamente longa e abarcando temas que não se considera deverem constituir as normas políticas com uma posição rígida, dado que a origem do actual Documento partiu da actuação revolucionária de 1974, a qual pôs nas mãos dos militares a criação de um Documento cuja perspectiva excede em muito da visão de simples “capitães de Abril”, no entanto, perante o que se passou ao longo de diversos governos, até se tem de considerar com cautelosa essa medida. Mas, mesmo assim, uma Constituição de um País deve reflectir apenas os princípios básicos que respeitem, nos casos da Democracia, a manutenção desse regime, deixando os pormenores da actuação política nas mãos dos responsáveis que sejam eleitos em cada momento eleitoral.
Como têm sido imensas as lições que nos foram proporcionadas ao longo dos 37 anos de um regime que constituiu uma novidade para toda a população lusa, incluindo, portanto, os próprios políticos que nos têm calhado, pode ser que alguma coisa tenhamos aprendido e que, num futuro que nos seja proporcionado, já consigamos entender qual o comportamento político, logo também económico e social, que devemos assumir, e essa esperança faz parte das ânsias em que vivemos de deixar para trás todos os erros que foram praticados e que nos fazem agora e durante alguns anos pagar pelo mau comportamento.
O que não se pode é aguentar com a imposição que nos é feita pela necessidade de liquidarmos, no prazo que está estabelecido pela Troyka, os montantes elevadíssimos que fazem parte do conjunto da dívida. Já mostrámos que somos cumpridores, pelo que não nos ficará mal se conseguirmos uma facilitação que provenham de uma negociação com os credores ou seus mandatários. Os portugueses não aguentam as condições em que se encontram a viver no seu País e o perigo de uma eventual tomada de posição por parte dos sacrificados tem de ser compreendida para se diminuírem as exigências de prazos e de montantes.
Os contribuintes mais sacrificados bem agradeceriam uma tomada de posição por este Governo que os aliviasse alguma coisa do que se encontram a suportar.

DA MINHA JANELA...

Olho da minha janela
E não vejo
Tudo é igual ao que via antes
Nada se me apresenta diferente
Tudo monótono
Tudo igual
Nada me estimula a tentar descobrir
Se o mundo mudou alguma coisa
Se os homens estão melhores
Do que eram antes
Se a verdade impera
Nas cabeças que circulam
Se o egoísmo
A vaidade
A inveja
O orgulho
A prosápia
Se alguma coisa desapareceu
Da cabeça dos homens
Se o dar importância aos outros
O ouvir as suas razões
Sem contrariar
Mesmo sem concordar com elas
Se tornou um hábito salutar
Evitando discutir
Só dando opinião
Quando os outros a pedirem
Isso não descortino da minha janela
Pelo que não me dá vontade de sair
De conviver
De fazer parte do grupo
Que só diz "eu"
E raramente "nós"

MARIANO RAJOY




NÃO TERÁ TIDO GRANDE RELEVO para a maioria dos portugueses a passagem por Portugal do presidente do Partido Popular espanhol, Mariano Rajoy, que foi recebido pelo nosso Presidente da República e, em Castelo de Vide, participou nos encontros organizados pela juventude do PSD, intervindo ali com um discurso, que foi transmitido em parte pela televisão e que, com aplausos prolongados dos assistentes, deixou a melhor impressão entre os estudantes nacionais, especialmente quando se referiu à união dos dois países ibéricos que a Europa Comunitária facilita, pois que representam uns milhões de habitantes e que, por via disso, uma importância grande podem e devem ter esses duas Nações, nesta ponta da Europa, nas decisões que forem tomadas no Continente em que estamos inseridos.
Tenho de reconhecer que, não tendo antes pelo político em questão um apreço especial, face a esta intervenção fiquei absolutamente convencido que se trata de uma figura que, se vier a vencer as próximas eleições espanholas, em Novembro, como as sondagens ali feitas assim indicam, as circunstâncias para uma ainda maior aproximação entre os nossos dois povos sairão fortificadas e aquilo que eu defendo há muitos anos – pois serei um defensor da unidade política e económica luso-espanhola, criando-se mesmo a Ibéria, à semelhança do que se passa com o Benelux, o mais antigo como se pode comprovar através da coluna semanal que detive no antigo Jornal do Comércio, que foi mesmo proibida no tempo de Salazar e cujo conteúdo indicava, já naquela altura, uma unidade política e económica entre os dois países ibéricos -, tal posição por mim tomada para dar mais força a este nosso pequeno País no plano europeu e mesmo mundial começa agora a ser assunto falado pelos políticos dos dois países.
Os ainda existentes “aljubarrotistas”, como eu sempre lhes chamei, que acusam de falta de patriotismo quem deseja para Portugal uma posição muito mais valorizada, sobretudo agora neste mundo de globalização, bem podem começar a ficar calados, especialmente quando as dificuldades que sentem os portugueses face às restrições de todo o tipo, particularmente no campo dos impostos, são cada vez maiores e o desemprego está a atirar para fora do nosso País cada vez mais a juventude com preparação académica, perante isso não haverá que defender teorias de isolamento, já que bem basta o deserto que se criou no interior de Portugal e que bem necessitam as terras abandonadas de produtores para que as exportações, como referi ontem, sejam eles de que nacionalidade forem.
Está mais que demonstrado que, sozinhos aqui na ponta do nosso Continente, só com um vasto mar pela frente que, por sinal, nem sequer aproveitamos, isolados e estupidamente orgulhosos por esse facto, não caminharemos para um futuro que nos dê perspectivas de progresso e de bem estar.
Não sei quando isso irá ocorrer, não será seguramente durante a minha existência, mas que o empobrecimento, a miséria que nos aguarda levará a que os futuros cidadãos nacionais, ao lado dos vizinhos espanhóis, chegarão ambos à conclusão que não existe outra saída que não seja o juntarmos esforços e prosseguirmos juntos no estabelecimento de uma posição que, no seio da Europa, se baterá pelo lugar importante que nos pertence no conjunto das nações que fizerem parte da comunidade então existente, isso, no meu entender, faz parte do futuro que está reservado aos dois parceiros ibéricos.
E não se trata de uma conquista e um País pelo outro. Nada disso. A moeda já é o euro, bandeira própria todos temos, comunhão entre as populações não se perde (vide o tal Benelux e a Suiça), os costumes e a gastronomia nunca deixará de existir, as diferentes províncias em ambos os lados da actual fronteira, essas manter-se-ão. Agora, isso de ser competidores entre nós próprios é coisa que não se manterá, podendo as terras, agora de um e do outro lado da fronteira, ser exploradas indiferentemente, assim como o sector empresarial não tem que pertencer exclusivamente a portugueses e a espanhóis, pois que seremos todos ibéricos.
Se houver quem, agarrado cegamente a Aljubarrota e aos mitos criados pela História que deram aos portugueses vitórias e derrotas, pertence tudo ao passado, se não se compenetrar que o mundo de hoje é outro e que as batalhas que, noutras épocas tiveram a sua justificação, na realidade que se vive hoje não tem nada a ver com preconceitos “patriotistas” de antigas épocas. Camões e Pessoa serão sempre aquilo de que nos orgulhamos, como Cervantes e outros merecem o respeito dos espanhóis. Nada disto tem a ver com a realidade dos nossos dias.
Por mim, sem complexos mas apenas tendo em vista o melhor para o nosso País, sempre defendi a ideia expressa e não é agora, perante as circunstâncias que enfrentamos, que vou mudar. Mais português do que eu, garanto que não há. E é por isso que de fendo esta tesa. Quem cá estiver no futuro, mais ou menos longo, dirá de sua justiça.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VIAJAR

As viagens muito ajudam
do casulo se sair
de certa maneira mudam
o que se chama o sentir

Mas olhar sem se ver
ao ir a outros países
não chega para entender
o que são suas raízes

Cada terra, cada povo
tem aquilo que é só seu
pois só ao abrir um ovo
se sabe o que ali se deu

Convém antes de partir
sua História conhecer
pois isso dá p’ra sentir
o que está além do ver

Pois ir só de mala às costas
sem ter bem limpa a vista
é não desejar respostas
p’ra tudo que seja pista

É como quem mete a mão
em saco sem ver o fundo
joga à sorte uma ilusão
sem s’interessar p’lo mundo

Mas ir lá longe p’ra ver
não chega o só sentir
porque no fim há que crer
qu’importa saber ouvir

Três sentidos bem abertos
todo o tempo aproveitado
se se derem passos certos
se disfarça o cansado

Sair p’ra lá do convívio
nada de novo trazer
em vez de sentir alívio
é um pouco fenecer

E de novo algo trazer
é por certo novidade
mas o contrário fazer
tem a sua utilidade

Quem viaja faz turismo
intercâmbio de maneiras
e isso o nosso lusismo
não pode encontrar barreiras

Percorramos sim o mundo
mostremos o que nós somos
não percamos um segundo
a lembrar o que nós fomos

Sobretudo o que fizemos
em séculos já bem distantes
dizendo alto o que demos
ao mundo com navegantes

Mas receber bem em casa
abrindo portas em par
é qualidade que apraza
a quem vier visitar

Aqui fica este recado
deixado como eficaz
e se for sempre lembrado
fica ao serviço da paz





VIAGENS... E RESULTADOS?




AS VIAGENS QUE O PRIMEIRO-MINISTRO tem andado a fazer, como as que foram agora tornadas públicas, e em que visitou o companheiro espanhol e a senhora Merkel, se foram revestidas do propósito de angariar a vinda de empresas dos dois países para se instalarem também no nosso País, merecem sem dúvida o aplauso de todos nós, pois são dadas como bem empregados os gastos que ocasionam as saídas de Portugal, sobretudo se são grandes as comitivas que o acompanham.
É claro que – e cá volto eu a referir o que me preocupa sempre – se o Aicep fizer como deve o seu trabalho, que é o de procurar que exportemos o mais que for possível, mas que, dada a nossa pouca produção, fazendo o melhor que conseguir para trazer para o nosso território investidores, sobretudo se forem empresas que tenham a sua actividade no estrangeiro e que estendam a sua actividade através de indústrias, se isso suceder teremos que depositar confiança nos responsáveis que se encontram na referida Aicep.
Com tantas sucursais espalhadas pelo mundo, que custam muito caro aos cofres do Estado, actuarem como é sua obrigação, se o responsável nacional pela mesma organização – que tem sido ultimamente Basílio Horta, que se encostou ao Partido Socialista apesar de ter sido um dos activos membros do CDS – tiver a maior atenção para que os resultados práticos da sua actividade forem visíveis, grande parte do trabalho se encontra realizado e as idas ao estrangeiro do nosso primeiro-ministro só servirão para confirmar o nosso interesse em ver instalados em Portugal o maior número possível de empreendimentos que, posteriormente, podem contribuir para o aumento de exportações nacionais.
Parta além da mão-de-obra que poderão utilizar, diminuindo o desemprego que grassa no nosso País, se as unidades fabris que vierem para cá forem colocadas, através de facilidades que lhes sejam concedidas, nos espaço desocupados e até desertos que abundam no interior de Portugal, então, de uma cajadada matamos dois coelhos, ou melhor três, pois aumentam as exportações, criamos empregos, damos vida aos sítios onde hoje só vivem velhos e – afinal são quatro os benefícios – criamos possibilidade de serem aproveitadas algumas contribuições fiscais, tanto para as autarquias como para o próprio Estado. Esta deveria ser a preocupação principal dos governantes que temos, ou seja fazer todo o “namoro” possível às empresas estrangeiras para estenderem as suas actividades para o nosso País e, para isso, o essencial é que se criem as condições extraordinárias para atrair esses investidores, quer através de espaços livres que existem com fartura no interior nacional quer também por intermédio de facilidades, sem qualquer das burocracias de que tanto gostamos por cá, e juntando os municípios ao Ministério da Economia em tal aspiração colocar todo o nosso emprenho para atingirmos os objectivos desejado.
É isto que um Executivo com atitudes práticas deve fazer. Mesmo que tenhamos que pôr de parte velhos hábitos, aqueles de só complicar o que deve ser facilitado o mais possível. Ainda que revolte os nossos pobres empresários que, como se sabe, cada vez que querem dar um passo para alargar os seus empreendimentos só encontram obstáculos e dificuldades.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

POETAS PERDIDOS

Poetas desconhecidos
quantos existem no mundo
com tantos génios perdidos
que nunca saem do fundo
poetizam para si
imaginam, logo esquecem
por aqui e por ali
porque aos outros não convencem
ficam sós
perdem até a voz

Normalmente são modestos
não crêem no que lhes sai
será por serem honestos
ou porque a Musa os atrai?
Se também não há destino
a dar ao que sai da alma
só o que é mais cretino
é que lá perde a calma
escrever e guardar
também é amar

Usar costas de papel
por outros antes escrito
pode até saber a mel
a quem só usa palito
mas a penúria obriga
poeta rico não há
qu’isso de fazer cantiga
não dá dinheiro por cá
rime que rime
tanto deprime

A esperança dos poetas
Que nos cantos lá produzem
é que as obras secretas
só muito tarde é que luzem
quando os autores já se foram
e alguém vasculha os cestos
que noutro mundo onde moram
ninguém liga aos contextos
depois da ida
outra vida

Mas também há os que em vida
lá conseguem dar nas vistas
alcançam boa acolhida
seguiram as certas pistas
o normal não é assim
os génios, esses coitados
se quiserem olhem p’ra mim
verão como não dão brado
sempre mudo
eu me ajudo




O BOM E O MAU



É NATURAL QUE, NA GOVERNAÇÃO de um País, ocorram medidas certas e outras erradas. O que se torna obrigatório, no entanto, é que os responsáveis pelos maus passos que são dados e que depois se verifiquem que não foram felizes não demonstrem a mais pequena hesitação em apresentar publicamente as justificações, se as houver, e, caso contrário, condenar-se pela má actuação que, nos homens, é o mais natural que pode suceder. Na situação inversa, quando a actuação dos governantes for considerada justa, certa, adequada, em tal ocasião e por todos os meios que estejam à disposição do ser humano não é justificável que não surjam os elogios e os aplausos que merecem, mesmo que seja essa a sua obrigação, como é o caso da comunicação social, que entusiasme os seus autores a continuarem a proceder dessa forma.
Pois vou utilizar este blogue para focar duas situações que, controversas, uma se situa na área da crítica e a outra seja merecedora de aplauso. Aqui as temos:
Não se pode desculpar que o sector que tem a seu cargo a aplicação das novas regras para serem aplicadas as taxas na compra de passes sociais, que parece ser um departamento resultante do Ministério da Economia, não tenha, a tempo e horas e com a antecedência exigida para não se criarem dúvidas e aflições por parte dos utentes dos transportes públicos, não se admite que todos os postos de venda desses passes não tenham recebido a informação completa de aplicação dessas novas condições, de molde a que o público usuário não tenha em seu poder, a tempo e horas, um conhecimento tão essencial.
Não será certamente o ministro da pasta respectiva que será o responsável directo por tamanho mau serviço, pois seguramente que caberá a alguma repartição na fila descendente daquele sector que não terá, através do seu director-geral, feito o trabalho correcto que lhe cabia. E, neste caso, deveria a comunicação social receber a indicação do faltoso e divulgar amplamente esse facto. Serviria de exemplo a todo o sector administrativo oficial para precaver outras situações que possam aparecer. E seria bom assistir ao defensor permanente dos funcionários públicos, esse que aparece sempre a clamar contra o que ele considera injustiças em relação a esse sector, que em tais situações também viesse dar conta de tais faltas, em lugar de ficar calado.
Já no capítulo do elogio que também deve ser feito às soluções positivas à actuação do Governo e, neste caso a que me vou referir, a medida é oriunda dos altos cargos, devem todos os contribuintes fiscais portugueses regozijar-se pela economia que se pretende com os cortes na RTP que, mesmo não se sabendo ainda em que sectores vão cair as anulações de despesas, pois só foi ainda referida a eliminação de horas nas emissões produzidas localmente pelas estações da Madeira e dos Açores, já se tem ideia de que serão uns bons milhões de euros, qualquer coisa como 25 por ano, sem que deixem os residentes nos dois arquipélagos de poder serem espectadores de emissões que serão de origem do Continente, para além dos sistemas já tão em uso dos canais internacionais, ainda que pagos.
No caso da RTP nacional, é evidente que a pluralização de estações que existem em território nacional, numa altura em que a economia de dispêndios tem de ser a palavra de ordem em todos os sectores públicos, essa medida não pode ser chorada por nenhum português. Se for utilizado todo o período diurno de maneira a cobrirem-se as diferentes variantes que fazem parte do leque de programas que é útil ao público, mas isso com um apertado sentido de serviço público, ou seja cobrindo as áreas de informação e de cultura que, aliados aos espectáculos mais ligeiros, retirem tempo de antena a programações que, sendo muitas as que são oferecidas através dos écrans e que demonstram uma verdadeira amostra da falta de cuidado nas selecções, afastando esses maus exemplos deixem espaço para que se cumpra a autêntica missão de formar e de informar. Isso, sempre não perdendo de vista as regras democráticas, pois os canais utilizados devem ter sempre esta função como princípio. É sabido que, no seio da televisão do Estado, se verifica uma autêntica discriminação no que diz respeito ao pagamento de salários, havendo certos casos em que as remunerações são escandalosamente principescas e em outros, para além de ridículas contribuições dos trabalhos executados, esses pagamentos tardam em efectuar-se. Há, pois, que analisar com verdadeira imparcialidade, como funciona o sector que tem a seu cargo a avaliação das retribuições aos colaboradores.
É natural que apareçam muitas queixas oriundas das Ilhas e que acusem o Executivo de todo o território de mal tratar as populações locais, mas, sobretudo os madeirense, independentemente do que o seu Presidente Alberto João irá proclamar num dos seus discursos inflamados, têm de ter em conta que tem sido uma zona do espaço nacional que mais benefícios tem recebido dos dinheiros públicos, nos mais diferentes sectores. Setembro vai ser o mês que mais mal tratará todos nós que vestimos a camisola lusitana. Não será só nestes cortes que se ficarão as medidas anunciadas

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

FAMÍLIA


A sua
a exemplar
satélite como a lua
conhecendo o verbo amar
e girando em redor
então se for bem amiga
sendo grande é melhor
estando pronta a ajudar
não recorrendo à briga
até se não concordar
essa é a desejável
a que todos bem precisam
é a única aceitável
os seus membros fraternizam

Mas se não é isto que passa
se é grande a indiferença
se a amizade é escassa
e a relação é mesmo tensa
nesse caso é preferível
fora de portas tentar
gente que seja sensível
p’ra receber e p’ra dar
amizade simples e pura
sem ser preciso pedir
tê-la é uma ventura
apetece bem sorrir

Se o mundo é uma família
aí está um mau exemplo
andar sempre em vigília
a defender cada templo
porque se a fraternidade
em cada um existisse
não haveria maldade
nem tão pouco malandrice


Mas se enfim o tal mundo
feito de brigas e zangas
só mostra ter um mau fundo
ser composto de capangas
e em vez da união
e de todos se ajudarem
cada a querer seu quinhão
entre todos se matarem
são raras famílias boas
quem as tem que as conserve
ter ao lado tais pessoas
não é nada que enerve

Com família ou sem ela
o Homem é egoísta
e por qualquer bagatela
vende a alma, muda de pista

A DESGRAÇA BATE Á PORTA



CLARO QUE O GOVERNO, na sua ânsia de reduzir o mais depressa possível os gastos que lhe pertencem, toma decisões que tornam cada vez mais difícil a vida dos portugueses. E, na área da saúde, são bastante preocupantes as notícias que, todos os dias, chegam ao conhecimento dos habitantes. As comparticipações que têm sido atribuídas aos doentes, essas vão sendo reduzidas cada vez em maior número de medicamentos não comparticipados, sendo importante as recomendações que o Infarmed e agora também o Tribunal de Contas têm vindo a fazer para que os médicos, em lugar de marcas, receitem genéricos, de maneira a que essa imposição seja seguida por essa classe que, com assiduidade, se deixa conduzir por outros interesses.
Esta situação que, diga-se a verdade, também tinha constituído um abuso por parte dos necessitados de fármacos e em benefício das farmácias que, segundo consta, não pertencem ao número de estabelecimentos que estão a ser obrigados a fechar as portas, antes pelo contrário beneficiam da situação de desespero em que a população se encontra, no entanto deveria merecer uma cuidadosa atenção dos poderes públicos pois que, sobretudo os idosos, não podem ser deixados nas mãos da crise, antes necessitam de um esforço dos governantes para não os sacrificar cada vez mais.
Por outro lado, dizem os jornais que estão a encerrar por dia mais de uma centena de lojas em Portugal, o que representa uma terrível onda de aumento do desemprego, para além da baixa de impostos que isso representa, deixando os Municípios ainda mais aflitos com a descida de receita fiscal, o que, no conjunto, cria dúvidas quanto à meta do défice este ano de 2011 e que, na governação de José Sócrates este se tinha comprometido no Memorando assinado com a troyka de que esse défice seria fixado em 5,9%, o que tudo parece indicar que não será conseguido este ano.
E o que torna ainda mais inquietante quanto a ser possível atingir os melhores resultados no ano que caminha são as notícias que vão assustando, por exemplo de que existem “facturas escondidas” como as que foram agora descobertas e referentes a obras no Jamor, e que se encontram por liquidar, num valor que ultrapassa os 9 milhões de euros, ainda que o então secretário de Estado do Desporto tenha já declarado que desconhecia essa situação. Um caso que faz pensar na ausência de responsabilização por parte dos elementos que, encontrando-se no Executivo, não fizeram o seu trabalho com a eficiência que lhes é exigida.
É por tudo isto que a preocupação no nosso País quanto ao futuro, que se mostra bem negro, ainda aumenta mais quando são os próprios poderes a avisar que o mês de Setembro surgirá com medidas que bastante magoarão o já tão sacrificado bolso dos cidadãos. Tudo que acontece no nosso País é verdadeiramente assustador, pelo que não se compreende que existam ainda movimentos que organizem greves e menos ainda se admita que a “geração à rasca” esteja a preparar um regresso às ruas no dia em que for apresentado o Orçamento, como se qualquer dessas manifestações possam alterar ou remediar o ponto a que chegámos e cuja origem vem de trás, talvez mesmo desde que Cavaco Silva foi chefe do Governo nacional. Custa a dizer isto, mas a memória não pode servir apenas para recordar feitos futebolísticos que, apesar de tudo, têm sido conseguidos.
Com todo este panorama vamos pedir ajuda a quem? À Europa? Mas essa também não leva um caminho seguro e anda à espera de que apareça alguém que seja capaz de unir forças e determine a tal unidade, política e económica, que esteve na origem da fundação da então CEE e que, pelas mãos dos homens, chegou até hoje no estado em que se vê.
Pelo menos não somos só nós os incompetentes!...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A PERFEIÇÃO

Não sei se a felicidade
reside no se julgar
que não constitui vaidade
o nunca se enganar
perfeição
que ilusão
atingi-la se presume
ser algo quase impossível
chegar mesmo lá ao cume
pode ser mas é falível

A obra-prima afinal
por muito bela que seja
não será nunca ideal
melhor sempre se deseja
alcançar
abraçar
o autor desconsolado
sofre por não conseguir
ver o trabalho acabado
sem o super atingir

Isso será consciência
de longe o máximo ver
e tal como em penitência
prosseguir sempre a sofrer
insistir
sem conseguir
o fazer coisa perfeita
não pertence ao ser humano
não se inventou a receita
pois a vida é um engano

Trabalho e aplicação
ajudam a lá chegar
mas nem o que é sabichão
deixa de se enganar
estar perto
não é o certo
é bem bom à roda andar
os génios o conseguiram
já chega p’ra s’admirar
sem perfeição s’atingir

Imperfeito mesmo sendo
é bom não ficar parado
original ou remendo
o preciso é que dê brado
com amor
o melhor
tem de sair bem do fundo
da alma, do coração
o ser primeiro ou segundo
só importa a devoção

Se um dia surgir o tal
o homem da perfeição
e se for em Portugal
que não haja presunção
em boa hora
mesmo agora
que tanto necessitamos
que surja alguém capaz
para qu’em ordem ponhamos
quem precisa tanta paz



FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS




A NOTÍCIA DE QUE VÁRIOS SERVIÇOS da Segurança Social se encontram encerrados por motivo de férias dos funcionários, não ficando nenhum para garantir a actividade por erro de quem marcou esses descansos ao mesmo tempo, tal actuação de incompetência do funcionário ou funcionários que têm a obrigação de prestar um serviço público minimamente aceitável, tal actuação que causa as maiores dificuldades aos utentes, aos contribuintes que têm o dever de receber o maior cuidado e o melhor contributo por parte das forças oficiais não pode passar despercebido e, obviamente, sem a punição adequada.
Este caso e outros do mesmo estilo de prejuízo em relação aos habitantes portugueses, não é invulgar no nosso País, só que a sua divulgação não é muito corrente e por isso passam despercebidos na maioria das situações. Mas são precisamente situações mais ou menos parecidas, em que o povo é maltratado pelos funcionários que são pagos para se dedicarem com a maior dedicação ao tratamento das massas públicas, as que se vão conhecendo aqui e ali, mas que os portugueses, com o seu hábito de reclamarem em voz alta mas nunca levando às últimas consequências as queixas a que têm direito, deixam passar sem que a divulgação pública atinja a grandeza que deveria ser bem clara.
Ora, quando se torna necessário dispensar muitos funcionários públicos por impetuosidade de encerramento de múltiplas repartições oficiais, são precisamente as situações em que se verifica incompetência e até desinteresse por parte dos servidores do Estado que se encontram nos seus lugares mas não os cumprem com o cuidado que lhes deve ser aplicado, são tais comportamentos que devem chamar a atenção dos serviços de estudo do desinteresse dos funcionários – e se não existe essa classificação, pois já era altura de ser criada – para dispensar os que não servem e, com isso, até servir de exemplo aos que ainda se julgam resguardados da dispensa de trabalho e que cumprem mal e porcamente o trabalho que têm de executar com todo o empenho e a maior responsabilidade.
É triste que se tenha de actuar desta maneira para que se consiga impor um mínimo de cumprimento dos deveres que cabem a quem se encontra a desempenhar funções que têm como finalidade servir exemplarmente os habitantes contribuintes, mas numa altura em que sobram trabalhadores na área oficial, a única forma de actuar com sentido de justiça é excluir dos serviços os que não cumprem.
São estas atitudes que devem ser prioritárias no capítulo da melhoria dos serviços públicos e, ao mesmo tempo, limitar o número de funcionários, até para que cada um esteja limitado ao trabalho que lhe compete e, através disso, darem mostras de que são pontuais, cumpridores e bons executantes.
E cá estou eu com fantasias, com propostas que são de difícil execução. Mas que o País não pode manter-se entregue aos que apenas desejam o emprego garantido e não o trabalho que lhe cabe, esse, como é o caso de Portugal, nunca conseguirá dar mostras de produtividade, pois o que se encontra por fazer vaie-se prolongando por tempo indefinidos, passando de geração para gerações e, em dada altura, é que se nota que o que se faz não chega para o que se consome.
Não sei se alguma vez teremos as pessoas que, nos locais de decisão, serão capazes de enfrentar abertamente os problemas que todos conhecemos mas que ninguém se atreve a enfrentar. E até tenho receio de indicar a maneira de actuar nesse sentido que, obviamente, não tem nada a ver com a prática da Democracia, que, por ser ainda tão jovem no nosso País, é confundida com demagogia o que é a maior inimiga das liberdades.
Vamos a ver se daqui a dez ou vinte anos seremos capazes de entender e praticar aquilo que os democratas de anos de exercício já praticam em certos pontos do mundo. Até lá teremos de nos sujeitar aos arremedos de tal execução e se, com isso, nos bastará para alterarmos fulcralmente o que apregoamos à boca cheia ser a nossa Democracia.
Eu, por mim, já perdi as esperanças de ser assistente de tal mudança. Sobretudo porque, ao contrário do que tenho recomendado neste meu blogue, ainda não foi introduzida nas escolas primárias a aula de “prática democrática”, que é, acima de tudo a característica de saber ouvir e de só interromper o parceiro depois de escutar completamente o que ele tem para dizer. Discutir, só em último recurso...

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

BRASIL

Já fui ao Brasil
vezes sem conta
iria mais mil
com toda a afronta
lá me deslumbrei
por lá convivi
e gostei
de tudo que vi
as paisagens
o clima
as viagens
por terra ou vistas por cima
o doce falar do português
o deles de modo seu
pelo que o entender talvez
nosso falar se faz breu
as comidas são delícia
e dos sumos nem se fala
e não é preciso perícia
pois ali ninguém se rala

O pior é o resto
os cuidados que há que ter
pois há sempre um pretexto
para perder o prazer
ir à rua sem cuidado
sem o dinheiro do ladrão
pode causar mau bocado
e estragar todo o festão

Nem tudo são prazeres
não se vive só dos olhos
de ver as lindas mulheres
todas cheias de folhos
quanto a entrar nas favelas
isso aí é outra coisa
haverá lá coisas belas
mas entrar ninguém ousa

Em tempos mais recuados
portugueses se instalavam
e ficavam acomodados
e bom dinheiro ganhavam
depois da Revolução
gentes de cá partiram
era alguma protecção
para os que daqui fugiram
agora dá-se o contrário
são eles que nos procuram
vive-se pois neste rosário
amizade os dois juram

Porque irmãos todos nós somos
a língua até bem nos junta
pobrezinhos também fomos
sempre se fez a pergunta
quando andávamos de tanga
à espera de uma resposta:
se o grito do Ipiranga
ajudava na encosta!

BRASILEIROS EM PORTUGAL



JÁ LÁ VAI O TEMPO em que cabia aos portugueses a possibilidade de levar a mão de obra até ao outro lado do Atlântico e fizeram-no dentro dos sacrifícios que tinham de fazer para afastarem-se das famílias e encherem os porões dos navios que faziam uns preços mais suportáveis para as bolsas vazias dos nossos emigrantes. Lá partiam, de saco às costas e à aventura que os esperava para satisfazer as suas ambições de ganhar dinheiro e terem o gosto de, passado um período mais ou menos longo para suportarem a despesa de pagar outras viagens aos seus parentes mais chegados. Foram anos a fio deste corrupio de “portugas”, como lá chamavam, que se foram instalando e, na maior parte, progredindo na sua subsistência até à altura que se sentiam seguros no prosseguimento da sua actividade no País irmão. E, por mais curiosos que pareça, a função de padeiros foi a que mais atraio muitos dos nossos compatriotas que por lá ficaram.
É longa e variada a história dessas aventuras que tiveram como protagonistas milhares de portugueses, sendo que bastantes prolongaram no Brasil as gerações que já lá nasceram e se instalaram como naturais desse País, assim como houve os que não resistiram às saudades e, depois de terem já acumulado um relativo pé de meia, acabaram por regressar e edificar as suas casas, construídas com um aspecto e um gosto que marcou uma época, sendo até chamadas tais vivendas como “casas dos brasileiros”.
Esse período teve a sua duração e, principalmente depois da Revolução de Abril, começou a ocorrer a inversa do que se passava antes, isto é a vinda de brasileiros que procuravam aqui, em Portugal, fazer a sua vida, posto que por lá as coisas não corriam muito de feição. E passou-se tudo ao contrário, pois que aqui sempre encontraram modo de vida, mesmo que as funções que exerceram fossem de categoria inferior, elas empregadas domésticas e os homens na construção civil. Isso, na maioria dos casos, pois que também tiveram acção noutras profissões mais elevadas, de acordo com as suas habilitações, as que as tinham.
Começou a verificar-se, então, no outro lado do Atlântico, uma repentina subida do nível de vida e o Brasil começou a ser apontado como um exemplo de progresso, ao contrário da crise que se manifestava por muitas partes do Globo. E hoje em dia, já não admira tomar-se conhecimento de uma boa parte de brasileiros que deixaram os seus lugares de trabalho e que regressaram à sua Terra de origem.
Para além disso, verifica-se, por parte do sector económico mais evoluído, uma apetência para atrair empresas de monta que desenvolvem a sua actividade em terras de Vera Cruz, como se apelidava em certa altura da História. Até que surgiu agora a notícia de que um banco brasileiro, o BIC, se dispôs a adquirir o fatídico nosso BPN, tendo já apresentado uma proposta que o Governo tem de avaliar com a maior cautela, porque se é verdade que o estabelecimento bancário nacional que foi adquirido pelo Executivo português tem uma história que não está devidamente aclarada, causa alguma admiração que seja um banco brasileiro a querer adquiri-lo e nenhum nacional tenha mostrado disposição para dar esse passo.
Na verdade, como o povo diz, o pobre desconfia sempre da fartura quando ela lhe é oferecida, mas andarmos nós com aquele trambolho às costas, já que houve umas cabeças de “génios” que, em dada altura resolveram nacionalizar um estabelecimento falido e com um passivo assustador, pois agora, por muito que se desconfie da oferta, digo eu, o melhor é passá-la para outro, mesmo que o que se receba seja bastante inferior ao que a governação da altura disponibilizou para ficar com o BPN na posse da nacionalidade portuguesa.
Perdido por dez, perdido por mil, se há quem se julgue capaz de fazer progredir o que para nós só representa um dado morto, já que são inúmeros os problemas que temos pela frente, ao menos que nos livremos
deste…

domingo, 28 de agosto de 2011

INVEJA

E eu que sempre disse
que a inveja é uma tontice
fui afinal assombrado
pelo mal por esse lado
mesmo querendo fugir
procurando não cair
o não ter o que se quer
torna mau todo o ser

Lutar ao longo da vida
na busca de uma saída
pelo lado que aspiramos
e por muito que vivamos
ter inveja sem querer
ainda que com sofrer
é difícil exercício
quase mesmo um suplício

Por exemplo, ser poeta
mas sem atingir a meta
do génio que a outros cabe
e que a mim não há quem gabe
tem de inveja provocar
enquanto por cá andar
e disso eu não escapo
fico feito num farrapo

Afinal sou invejoso
que isso de ser famoso
não assenta no meu jeito
e medalhas no meu peito
eu não me posso gabar
é coisa que nem sonhar
nos outros eu vejo ter
não tenho tal merecer

Carros, palácio, dinheiro
são promessas de santeiro
nada disso me interessa
nem me passa p’la cabeça
mas a inveja que eu sinto
é a dos génios, não minto
acabo por conformar-me
não vale a pena enfadar-me

Este grande sofrimento
da falta do bom talento
é a pior das invejas
não se cura nas igrejas
só a morte é que a leva
não há escrita que a descreva
não se o tem e é tudo
e isso vem de miúdo

Mas tal inveja faz bem
m
esmo sofrendo, porém,
criou certo desafio
ainda que doentio
mas não deixou que parasse
e que sempre pugnasse
para vencer tal peleja
destruindo a in
veja

ESSE JARDIM, SE NAO EXISTISSE...



FICOU-SE AGORA A SABER que a dívida da Madeira anda em redor dos mil milhões de euros e Jardim faz acusações ao Governo da Metrópole, especialmente ao que foi comandado por José Sócrates – que já não se encontra em condições de rebater o que quer que seja -, afirmando que não recebeu a ajuda necessária para fazer frente aos gastos que ele considerava necessários no arquipélago de que é responsável. E insurge-se, acima de tudo, por não ter sido dada ao Governo madeirense a autonomia essencial para ele ter força para decidir, sem interferência do poder central, no que se refere a medidas a tomar no capítulo de obras que, diga-se a verdade, o responsável local por aquele arquipélago tem executado com fartura.
Tudo isso estaria bem se, na Metrópole, todas as zonas que têm necessidade de ver executados arranjos, que há muitos anos as populações locais reclamam, e que são adiadas de Governo para Governo com a desculpa de falta de verba. Por isso não é admissível que, só para calar a boca ao Jardim da Madeira, se atendam as suas exigências e se deixem os portugueses de muitas zonas do Continente a chuchar no dedo, dado que não têm à frente dos respectivos Concelhos homens que, ofendendo mesmo as personalidades que comandam o Executivo, conseguem alcançar o que é pretendido e justo.
A ameaça que, volta não volta, se entende nas palavras do homem em causa, de caminhar para uma independência daquele território situado em pleno Atlântico, mesmo sem saber se os madeirenses pretendem tal mudança, o que apetece é fazer a vontade a quem aspira por mais poder pessoal, ainda que essa alteração do que existe trouxesse os maiores problemas de sobrevivência aos que são naturais daquele Paraíso terrestre que consegue assim se manter mesmo com as limitações que um País como o nosso tem de enfrentar em todo o seu território.
O que não se pode admitir é que as forças vivas que têm o dever de governar todo o espaço nacional deixem um Jardim qualquer sem a resposta que ele merece, posto que a Democracia que se segue por cá autoriza que cada um dê mostras públicas daquilo que pensa, mas largar aquelas bojardas que saem da boca de quem devia ter mais tento na língua, posto que não é o lugar que ocupa o referido Jardim, mesmo sendo por eleição e escolha dos naturais daquelas ilhas, que lhe permite arrogar-se o direito de utilizar os discursos para pretender dar mostras aos que o elegem que ele é o verdadeiro e único defensor dos interesses da população local.
Se um dia, através de uma determinação dentro dos princípios que a nossa Constituição permite, lhe for feita a vontade, entregando-se-lhe a “chave” de que ele se julga ser merecedor, seria divertido assistir ao susto que o homem apanhava, pois acabava-se o sítio onde ele, sempre que está aflito, recorre e então surgiria de mão estendida a solicitar a esmola que era essencial para que todo as duas ilhas não passassem fome.
A paciência tem limites. E a do lado de cá está a esgotar-se…

sábado, 27 de agosto de 2011

VERDADE

Que é isso da verdade?
Existe?
Resiste?
Tem alguma validade?
Cada um chama-lhe sua
e os outros também
há os que lhe chamam falcatrua
encaram-na com desdém
nem a minha nem a tua
afinal
o que é real
é que há outra verdade
a que tem tudo a ver
com a realidade
e ser a única a merecer
por estar limpa de interesses
a que é independente
que não recebe benesses
a única que não mente.
Mas, por fim,
é tão difícil assim
saber onde verdade está?
Se mais longe ou mais perto
se aqui ou acolá
talvez só no deserto
onde o Homem não se encontra
onde não pode inventar
onde não existe montra
que serve para se mostrar

PUBLICIDADE NA TELEVISÃO



JÁ ME REFERI A ESTE TEMA, mas a repulsa que sinto permanentemente pela exibição de uma publicidade televisiva que, em lugar de propagandear marcas e produtos, o que faz é afastar os televidentes das propostas que são feitas, essa não atracção pelo recomendado faz-me pensar como é possível que empresas que entregam e pagam a publicitários o que desejam tornar conhecido não sejam capazes de reagir a um tão visível mau trabalho que, por sinal, cada vez mais se depara nos écrans televisivos.
Não tenho nenhum receio de apontar, como exemplo, os anúncios em que interferem os denominados “Gatos Fedorentos” e em que é necessária uma grande paciência para acompanhar cada exibição para, chegando ao fim, não se ficar com a incerteza sobre que produto propagandeiam. Mas não só esses, porque outros se colocam na mesma classificação, isto o é, de serem longos e maçadores e não dando preferência a mostrar o fim para que se encontram a fazer aquele papel, ou seja, o de anunciarem uma marca, um produto, algo que deve ser mostrado abertamente, sem hesitações nem complexos, ainda que tenham a interpretação própria dos que são convidados a fazer esse papel. É o caso de um anúncio, em que aparece uma espécie de cantor, a lançar numa voz pouco apetecível, parece que de um seguro, com a designação de LOGO… e que, até pela sua repetição enjoativa, só faz com que os eventuais interessados não sigam a recomendação. Pelo menos é o que se passa comigo e acredito que não seja o único.
Que me perdoem as marcas que são aqui focadas, já que poderia facilmente enumerar uma série delas, mas o que pretendo é chamar a atenção das empresas, as que anunciam e as que servem de veículo, para regressarem alguma coisa aos métodos que se seguiam, em épocas passadas e em que, na altura em que uma marca se propunha ser anunciada, à volta de uma mesa se juntavam pessoas de reconhecido empenho em criar temas inéditos e de boa aceitação junto do público e, às vezes, em noites inteiras até aparecer uma proposta aplaudida por todos que lá acabava por saltar aquilo que depois era fixado na vista e nos ouvidos da população. Não vou aqui referir exemplos, pois que muitos são conhecidos de quem me lê agora, mas, no meu caso, em que participei várias vezes nessas reuniões que as agências de publicidade propunham, não posso deixar de me inquietar pela mudança operada no meio que, pelos vistos, não representa uma melhoria na área publicitária.
Claro que aparecem sempre os novatos, ditos revolucionários das tradições, que acusam os antigos de velharia e de ultrapassados. Já estou habituado, mas no meu caso, que sou partidário das inovações e dos avanços onde os mesmos representem melhoria, mas quando essas mudanças representam uma pioria do anterior, não posso ficar calado e sem reacção.
Pelo minha ortografia se vê que não aderi ainda ao que já foi implantado, se bem que não ainda oficialmente. E como o meu computador também necessita de meter um programa com essa evolução – de que eu, pessoalmente, não sou adepto -, até que chegue a data em que será excluída, por força de uma lei, a utilização da que for considerada anterior ortografia, até então e nem tendo a certeza de que ainda escreverei nessa altura, prossigo neste meu caminhar sem me incomodar se me chamam “bota de elástico”, mas com a consciência de que, tal como os ingleses, que não se rebaixaram perante os outros novos países, em relação à existência dos britânicos, deixando cada um “torpedear” a sua língua mas não alterando uma única vírgula do que nasceu nas ilhas situadas na Europa, eu conservo-me seguidor do que estava antes.
No nosso caso, sendo que fomos nós, séculos passados, a espalhar a lusitanidade, por muito mal que o tivéssemos feito (e no meu poema em 10 cantos chamado simplesmente Lusofonia descrevo toda a caminhada da nossa língua), mesmo não tendo sido capazes de seguir o exemplo dos ingleses, que chegaram às terras que outros – e nós, sobretudo – descobriram, para implantar o sua linguagem, que ainda hoje por lá se utiliza, mas o que é certo é que se espalharam pelo mundo e nós ficámos reduzidos a alguns povos que, com o dinamismo que as línguas têm, cada um pratica à sua maneira, sendo o original intocável.
Seja como for, por cá temos de ser exigentes e proteger, o melhor que pudermos e soubermos, o que nos foi deixado pelos ancestrais. Não sendo, porém, as línguas estáticas, as alterações que forem sofrendo devem sujeitar-se apenas ao praticado pelo povo, que é de facto quem introduz os neologismos que se têm de aceitar.
Lembremo-nos, por exemplo, o termo usado na calçada do Combro, que apareceu assim porque a população, como hoje ainda sucede, “comeu” as consoantes do “cúmero”, ou seja do cimo, o que talvez venha a suceder, num futuro não muito longínquo com a palavra “câmara”, que o povo pronuncia “Cambra”, mas isso será admissível e não o exagero de não escrever as chamadas letras mortas, porque elas, em muitos casos, fazem falta, como é o caso de “facto” que, sem o “c” fica a querer dizer uma vestimenta e não se justifica a aproximação com o que os brasileiros dizem e escrevem.
Mas, enfim, manda quem pode e muitas vezes ma

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

FUTURO

Cheguei a uma altura
em que ando pelo mundo
sem saber para onde olhar
já não me interessa a figura
nem procuro ver o fundo
para onde vou ficar

Para trás foi o que foi
já nada será mudado
não vale a pena lembrar
e se agora algo dói
o melhor é pôr de lado
e o futuro adivinhar

Mas futuro? Que mistério!
Nesta ânsia de escrever
acumular prosa e verso
já não é nada de sério
mesmo dando algum prazer
serve tanto como um terço

HOMENS RICOS





ESTE NOSSO PAÍS que gozou, ao longo de muito tempo, da classificação de ser detentor dos bons costumes, em que nada progredia e em que a evolução a que se assistia, a boa e a má, não tinha entrada na nossa área, há uma temporada para cá e com uma rapidez assustadora veio mostrar como não há zonas onde o homem não dê mostras das suas partes maldosas, com surpresa e talvez por influência de acontecimentos que ocorriam fartamente por esse mundo fora, começou a apresentar situações que, nesta altura, são notícia constante e em que, especialmente no sector do turismo e com o Algarve como preferência, contrariam totalmente a fama justa de que éramos indicados.
Tendo começado pelas caixas do multibanco, utilizando-se os explosivos com gás de botijas que não eram habituais entre nós, daí foram as próprias instalações bancárias que foram alvo dos gangues que se formaram e que sofreram os assaltantes que, à mão armada, se foram instalando e se tornaram numa actividade frequente.
Quer dizer, seja por influência de actividades que se importaram com a chegada de emigrantes que eram portadores de tais hábitos e que aproveitaram e se aproveitam do escasso policiamento de que dispomos e, melhor ainda, de uma Justiça que não está preparada para responder a tais acções criminosas, a verdade é que, como alunos que somos e bem aplicados, logo utilizámos essas lições e passámos a actuar com eficiência. Até as esplanadas servem para realizar esses actos e os roubos de pertences das vítimas que não serão portadoras de fortunas, essa acção pode classificar-se como sendo mesmo à portuguesa, pois que o pouco que cada assaltado trará consigo, até isso serve para ser alvo dos grupos que, sem receio das eventuais reacções, lá fogem depois a pé e tranquilamente. Nisto, podemos dizer que também temos os nossos métodos bem lusitanos, dado que nem sempre se necessita roubar antes um carro, que isso é coisa de profissionais de fora de portas…
Enquanto isso ocorre, foi chegado o momento de o Governo decretar o aumento das cargas fiscais aos ricos, sendo já anunciada essa actuação através do Orçamento do próximo ano. A crise chega a todos e os que dão mostras de continuarem a governar-se bem no meio de uma aflitiva situação que os habituais pagantes de impostos não podem escapar aos diversos que os atingem, entre os quais o do corte no subsídio do Natal.
No entanto, essa determinação de os mais ricos virem a ser taxados com mão mais pesada, tem de levar em conta que, não tendo o dinheiro amor a nenhuma pátria, a sua fuga para os chamados paraísos fiscais é uma eventualidade que não pode fugir da intenção dos governantes. Logo, se a determinação do Estado for, na prática, aplicada sem ter presente que há que ter essa possibilidade bem presente, pelo que não se podem espantar os que podem fazer aplicações em investimentos nacionais e se isso suceder sem a oferta de possibilidades em aplicar os seus bens na economia nacional, fica-se sem se atingir o objectivo principal que é o de proporcionar a essa camada de beneficiários com a fartura de fundos que possuem a utilização dos seus bens monetários em actividades produtivas que, ao mesmo tempo, criam também postos de trabalho. Por isso, em meu entender, só devem ser taxados mais pesadamente aqueles ditos ricos que não apresentem ao sector fiscal propostas de investimento produtivo ou mesmo aceitarem perspectivas que o próprio Governo lhes proporcionar.
Mas isto será pedir demasiado aos cérebros pouco imaginativos, que existem e não são poucos, que estão colocados em lugares de comando e que se limitam em proibir e raramente em apresentar saídas de desenvolvimento que há por aí e com
fartura.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

IMAGINAÇÃO

Bendita imaginação
que nos mostra o invisível
aonde não chega a mão
àquilo que é impossível
de alcançar
de agarrar
mas nos traz felicidade
porque dá p’racreditar
que não será p’la idade
que passou tempo d’amar

Imaginar tem defeitos
porque engana quem o faz
coloca tudo a preceito
convence do que é capaz
de fazer
de acontecer
torna os sonhos tão belos
quando acordado se está
imaginam-se castelos
tudo o que bom virá

Imaginar o terrível
coisa que não apetece
é transformar o visível
em coisa que não se esquece
só belezas
não tristezas
mesmo não sendo verdade
o que importa é a alegria
seja qual for a idade
nunca mostrar apatia

E aquilo que não temos
saúde, dinheiro e amor
importa é se parecemos
ter isso ao nosso redor
desfrutar
enganar
quem de nós tem certa pena
não sabendo imaginar
que nesta vida terrena
o bom é imaginar

IMAGINAÇÃO ONDE ESTAS?



QUANDO O DINHEIRO NÃO ABUNDA é que pode a imaginação mostrar o que vale e os habilidosos aproveitam essa circunstância para dar largas à produção que pode sair das suas decisões. É o que devia ver-se no nosso País, já que devemos andar todos preocupados em não ficar parados e, sem receio de grandes críticas, porque a ocasião não permite utilizarmos uma perfeição extrema, o que conseguirmos produzir com pouco ou até nenhum dinheiro merecerá os aplausos de todos nós portugueses.
Não me canso de criticar o tempo e o dinheiro perdidos com a volta que foi dada ao Terreiro do Paço, sem que o seu aspecto melhorasse como merece aquele espaço tão bonito da nossa capital, refiro-me ao que escrevi múltiplas vezes e que, com o mínimo de ginástica financeira poderia ter sido já feito há muito tempo, pois que, para além de ter sido retirado o aspecto de parque automóvel, o que não era difícil efectuar, pois bastou uma proibição e mais nada, e ainda por cima foi efectuado aquele arranjo do chão que seria a última coisa a ser pensado, posto que outros arranjos eram mais necessários, repito que lastimo que as cabeças da Autarquia e também do sector governamental, dado que haverá intromissão do Governo quanto a obras em sectores públicos de tão grande importância para o aspecto da cidade capital do País, face a essa ausência completa de um estudo em que o bom gosto impere não posso deixar de fazer repetidas críticas a quem toma as decisões e não se rodeia de gente que aconselhe e que ajude a não ser feita má figura.
Se a referida Praça do Comércio fizesse parte de uma cidade capital de um país da Europa, estou convencido que seria tirado o maior proveito e que se transformaria num espaço esplendoroso que seria propagandeado turisticamente como emblema dessa nação que se orgulharia da sorte que lhe tinha cabido de se pavonear com o que t minha recebido dos antepassados – no nosso caso do Marquês de Pombal que tirou o maior partido de um Terramoto que devastou toda a Lisboa.
Mas nós não somos capazes de, pelo menos, honrar as heranças, já que o novo que tem vindo a ser implantado não corresponde a nenhum rasgo de génio.
O que eu faria do Terreiro do Paço não vou agora repetir, pois tem sido por mim largamente exposto e também neste blogue. Se alguém que tem o comando nas mãos lê este escrito – e, se não, devia fazê-lo, já que há tantos assessores no Município e nas repartições do Estado -, pois então que mostre a sua indignação ou o seu aplauso, pois que mudo é que não deve ficar.
Eu canso-me com estas preocupações em ver a nossa cidade capital ser tão mal tratada. Agora há a desculpa da falta de meios, mas quando foi feito aquele horror do Martim Moniz que tem sido deixado como está por ausência de escrúpulos em reconhecer os erros, nessa altura havia fundos na Câmara Municipal.
Mas não tem remédio este nosso comportamento. E arreganhamo-nos sozinhos!...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

MÉRITO

Aquele que nasce pobre
e rico acaba a vida
que deixe o que lhe sobre
a quem nem possui guarida

Por esse mundo de Cristo
há quem na vida amarinha
por vezes fica mal visto
em redor só deixa espinha

Se ao mérito se deve
a sua boa ascensão
isso é de quem se atreve

a prestar boa atenção
ao que não sendo até leve
precisa de forte mão



INCOMPETENTES



CLARO QUE O GOVERNO, na sua ânsia de reduzir o mais depressa possível os gastos que lhe pertencem, toma decisões que tornam cada vez mais difícil a vida dos portugueses. E, na área da saúde, são bastante preocupantes as notícias que, todos os dias, chegam ao conhecimento dos habitantes. As comparticipações que têm sido atribuídas aos doentes, essas vão sendo reduzidas cada vez em maior número de medicamentos, sendo importante as recomendações que o Infarmed e agora também o Tribunal de Contas têm vindo a fazer para que os médicos, em lugar de marcas, receite genéricos, tal quase imposição deverá ser seguida por essa classe que, com assiduidade, se deixa conduzir por outros interesses.
Esta situação que, diga-se a verdade, também tinha constituído um abuso por parte dos necessitados de fármacos e em benefício das farmácias que, segundo consta, não pertencem ao número de estabelecimentos que sejam obrigados a fechar as portas, antes pelo contrário beneficiam da situação de desespero em que a população se encontra, no entanto deveria merecer uma cuidadosa atenção dos poderes públicos pois que, sobretudo os idosos, não podem ser deixados nas mãos da crise, antes necessitam de um esforço dos governantes em não os sacrificar mais.
Por outro lado, dizem os jornais que estão a encerrar por dia 100 lojas em Portugal, o que representa uma terrível onda de aumento do desemprego, para além da baixa de impostos que isso representa, deixando os Municípios ainda mais aflitos com a baixa de receita fiscal, o que, no conjunto, cria dúvidas quanto à meta do défice este ano de 2011 e que, na a governação de José Sócrates este se tinha comprometido no Memorando assinado com a troyka de que esse défice seria fixado em 5,9%, o que tudo parece indicar que não será conseguido este ano.
E o que torna ainda mais inquietante quanto a ser possível atingir os melhores resultados no ano que caminha são as notícias que vão assustando, por exemplo de que existem “facturas escondidas” como as que foram agora descobertas e referentes a obras no Jamor, e que se encontram por liquidar, num valor que ultrapassa os 9 milhões de euros, ainda que o então secretário de Estado do Desporto tenha já declarado que desconhecia essa situação. Um caso que faz pensar na ausência de responsabilização por parte dos elementos que, encontrando-se no Executivo, não fizeram o seu trabalho com a eficiência que lhes é exigida.
É por tudo isto que a preocupação no nosso País quanto ao futuro, que se mostra bem negro, ainda aumenta mais quando são os próprios poderes a avisar que o mês de Setembro surgirá com medidas bastante magoarão o já tão sacrificado bolso dos cidadãos. Tudo que acontece no nosso País é verdadeiramente assustador, pelo que não se compreende que existam ainda movimentos que organizem greves e menos ainda se admita que a “geração à rasca” esteja a preparar um regresso às ruas no dia em que for apresentado o Orçamento, como se qualquer dessas manifestações possam alterar ou remediar o ponto a que chegámos e cuja origem vem de trás, talvez mesmo desde que Cavaco Silva foi chefe do Governo nacional. Custa a dizer isto, mas a memória não pode servir apenas para recordar feitos futebolísticos que, apesar de tudo, têm sido conseguidos.
Com todo este panorama vamos pedir ajuda a quem? À Europa? Mas essa também não leva um caminho seguro e anda à espera de que apareça alguém que seja capaz de unir forças e determine a tal unidade, política e económica, que esteve na origem da fundação da então CEE e que, pelas mãos dos homens, chegou até hoje no estado em que se vê.
Pelo menos não somos só nós os incompetentes!...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

ERRAR

Quem não fez ainda isso ?
Que erro não praticou ?
Só não fez esse serviço
Quem a vida não gozou

Há uns que mais, outros menos
Mas um homem sem pecado
Só p’ra fugir aos Infernos
É que escapou desse fado

Há que perder petulância
Evitar que se atropele
D’ errar é tal abundância

Que há que escrever na pele
O erro ganha importância
Quando se aprende com ele

TER RAZÃO ANTES DE TEMPO...






Este texto foi publicado numa coluna que mantive no “Diário de Notícias”, há já, pelo menos, cinco anos. Por aqui se vê como a minha luta em tentar que os governantes que ocupam os lugares de comando dediquem alguma atenção em conhecer os pontos de vista de quem dá mostras de se preocupar com o que se passa no nosso País. Essa preocupação não é de hoje.



GASTAR MENOS NESTE PAÍS
PODERÁ dar o ar de pretensiosismo será provavelmente arrogante o título. Seguramente haverá quem encontre nesta afirmação algo de exagero. Aceito tudo isso. Com a devida humildade.
Mas, o que é certo é que, até hoje, não percebi na boca e na intenção de qualquer candidato aos diferentes lugares políticos uma indicação de que poderia existir o desejo de actuar dentro dos moldes que defendo. E essa minha proposta não é só de hoje, pois há bastante tempo divulguei esta ideia. Que considero fundamental levar a cabo.
É sabido que o Estado despende centenas de milhões de contos com os múltiplos alugueres de instalações dispersas por Lisboa, que destina aos inúmeros serviços ministeriais – e outros – e que os contribuintes têm de procurar encontrar para tratar os mais diversos assuntos. Isso, para não falar dos edifícios que são propriedade estatal e que também se espalham por toda a capital.
Ora, tomando como exemplo Espanha, que tanto está na moda apontar como ponto de comparação, importa referir que existe em Madrid um chamado Bairro dos Ministérios – criado no tempo de Franco, imagine-se !
E o que é esse tal Bairro ? Nem mais nem menos do que um aglomerado, numa só zona, de todos os serviços ministeriais e adjacentes que, bem servido por uma rede de transportes públicos de todas as espécies, incluindo o metropolitano, com um parque de estacionamento de enorme capacidade, oferece aos cidadãos a possibilidade de resolverem os seus problemas que digam respeito aos serviços públicos e até mesmo a instituições que sejam dependentes de participações estatais.
Propor que se comece a pensar na construção em Lisboa de um similar Bairro dos Ministérios será pedir excessivamente a quem venha a instalar-se no pelouro máximo do Governo, seja lá quem for ?
Será preciso explicar a enorme economia que tal representaria para os dinheiros públicos, por muito grande que seja o investimento necessário (mas o que é isso comparado com o que custou a Expo 98 e o que vai custar o Euro 2004 ?), para além da comodidade e da diminuição drástica de gastos da população cada vez que tem de se deslocar de um para outro sítio para ultrapassar a burocracia que também está instalada com raízes no nosso País ? É evidente que ninguém necessita de todos os pormenores sobre as vantagens da referida realização.
Mas, para além do termo dos alugueres de locais onde existem dependências oficiais e do encaixe de muitos milhões que representaria a venda de todas as propriedades do Estado, o que baixaria substancialmente o investimento com a construção do Bairro dos Ministérios, haveria que tomar uma decisão, bem difícil, por certo, dado ir tocar nas mordomias de muitos que são “servidores do Estado”, e que consistiria numa operação de mãos limpas que muito honraria um Governo que tivesse a coragem de dar tal passo. Trata-se da criação de um serviço, ao nível de direcção-geral e dependente directamente do primeiro-ministro, que tivesse a seu cargo a distribuição de viaturas para uso dos funcionários superiores que tivessem direito a tal regalia.
Com excepção dos ministros e dos secretários de estado, todos os restantes servidores públicos deveriam ter de requisitar uma viatura e o motorista que estivesse disponível para efectuar o transporte que fosse considerado. Quer dizer, acabavam os desperdícios que se verificam ainda hoje e que resultam de terem à porta de várias repartições as viaturas de “Suas Senhorias” estacionadas e o motorista exclusivo a aguardar ordens (quando não têm de fazer depois horas extraordinárias !...).
Imagine-se o que seria necessário de valentia de um Governo que instituísse esta forma de economizar milhões de contos por ano, despendendo-os, isso sim, em favor da saúde, da educação e até mesmo do rejuvenescimento dos tribunais, pois são também estes últimos que constituem um sorvedouro dos impostos pagos pelos contribuintes, em virtude de se encontrarem completamente ultrapassados na sua forma de actuar e, com as demoras, custarem fortunas a toda a gente…e ao Estado.
Perguntar-se-á, evidentemente, onde é que poderia ficar instalado o Bairro dos Ministérios de Lisboa. E aí, a resposta não é fácil. Recordar-se-ia que já existiu um espaço que estava mesmo à medida para erigir os múltiplos edifícios ministeriais: aquele onde se construiu a Expo 98. Com os mesmo milhões que se gastaram nessa demonstração de vaidade num país que precisa, em primeiro lugar, de tratar dos seus habitantes e só depois, muito depois, mostrar-se aos de fora, com tudo isso e o que se acumulou de prejuízos existiria já hoje o Bairro dos Ministérios. Mas o que lá vai, lá vai…
Como ainda há espaços em Lisboa onde se poderá demolir o que está velho e caduco, como infelizmente ainda restam muitos locais onde faz dó ver o que por lá existe, será apenas uma questão de opção e de vontade política.
É preciso, para já, um novo aeroporto internacional ? Não pode esperar algum tempo a terceiras ponte a atravessar o Tejo em Lisboa, por muito necessária que ela seja ? Ainda que a segurança não possa ser abandonada , temos meios para desviar, de imediato, avultadas verbas nas Forças Armadas ? E os tais novos estádios de futebol, cujo custo está avaliado em vários milhões de contos (ou em euros, como queiram), será assim tão vergonhoso declarar a nossa impossibilidade financeira para tal fim ?
Sendo assim, resta fazer a última pergunta: teremos alguma vez a felicidade de ter um governo que arregace as mangas… e FAÇA ?
Sonhar não custa !....



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DESEMPREGO


Cada um faz o que pode
o que sabe, o que o deixam
aquilo p’ra que lhe pagam
à espera que se acomode
já que os outros não se queixam
e também não o afagam

Se outra coisa fizesse
se aquilo que faz agora
não fosse do seu agrado
e algo mais merecesse
podia-se ir embora
partindo p’ra outro lado?

Emprego há com fartura
como dantes sucedia
e se podia escolher?
A vida hoje é bem dura
piora dia p’ra dia
o melhor é não mexer

Agora eu faço isto
sem patrão que me ordene
mas também sem ter quem pague
por agora não desisto
sem haver acto solene
oxalá ninguém me esmague

Nesta altura o que é melhor
a quem tem emprego mau
é fazer por conservar
pois será muito pior
escorregar do degrau
ficando a olhar p’ro ar

A vida tem coisas más
fazem a gente infeliz
que causam desassossego
uma delas bem tenaz
que provoca cicatriz
á a tal do desemprego

O homem mal prevenido
distraído com trabalho
olha pouco p’ro futuro
quando à volta há colorido
nem procura um atalho
ignora p’ra lá do muro

Porém a vida é assim
até bem desconcertante
qualquer lado está aberto
e o que é mais ruim
aparece num instante
como o bom pode estar perto

Perder emprego hoje em dia
nos bolsos meter as mãos
é a coisa mais normal
uma grande vilania
que ocorre aos cidadãos
a cada um que é mortal

Comprar hoje e de seguida
cumprir a obrigação
d’ir pagando as mesadas
é confiar bem na vida
sendo novo ou ancião
sem contar com as guinadas

Por isso enfrentar credores
mesmo antigos qu’eles sejam
do tempo em que havia emprego
pertence ao número d’horrores
daqueles que bem aleijam
obrigando a ir ao prego

Os bancos grandes culpados
com isso muito ganharam
de tanto terem fiado
agora sem ordenados
não pagam o que pagaram
é crédito mal parado

Não há quem dê volta a isto
o homem provoca o mal
ir p’ro bem é que é custoso
o desemprego é um quisto
e não existe hospital
que cure tal desditoso